Título: TAP agora promete investir na Varig
Autor: Karla Correia
Fonte: Jornal do Brasil, 03/06/2005, Economia e Negócios, p. A21

Zylbersztajn afirma que governo deu sinal verde para associação com portugueses, mas Planalto silencia BRASÍLIA - O governo aceitou o projeto de reestruturação da Varig, que, até o fim do ano, deve assinar um contrato com a TAP. Pela proposta, apresentada ontem aos ministros da Fazenda, Antonio Palocci, da Casa Civil, José Dirceu, e da Defesa, José Alencar, a companhia aérea portuguesa participará com 20% dos investimentos previstos no projeto de reestruturação da brasileira. - A reunião superou nossas expectativas em relação à resposta do governo e com o resultado que esperávamos obter junto ao vice-presidente, que tem acompanhado esse processo - disse o presidente da Varig, David Zylbersztajn.

Segundo ele, o plano foi recebido com elogios pelos ministros, em função de sua viabilidade econômica e de execução. De acordo com Zylberstajn, a capitalização poderá incluir a entrada de novos aviões, e as negociações com o governo poderão levar a um encontro de contas.

Entretanto, o líder do PT no Senado, Delcidio Amaral, reafirmou que o encontro de contas só ocorrerá se o Supremo Tribunal Federal ratificar decisão que garantiu à Varig o direito de receber da União cerca de R$ 2,5 bilhões, a título de ressarcimento por prejuízos com o congelamento das tarifas aéreas entre 1985 e 1992. O valor é semelhante ao passivo da empresa com o governo federal.

As empresas não deram mais detalhes sobre a proposta, mas o presidente da TAP, Fernando Pinto, afirmou que haverá ''uma profunda sinergia entre as companhias''.

A operação das linhas nacionais e internacionais da Varig e da TAP deverá permanecer no formato atual, mas os hubs - aeroportos que centralizam conexões - poderão ser partilhados. No caso, o acordo faz referência aos aeroportos de Lisboa e Guarulhos (SP).

Para Pinto, a importância da reunião para o acordo foi o aval do principal credor nacional da Varig. Em sua análise, essa aprovação será importante para sinalizar a outros credores o empenho do governo em salvar a companhia aérea.

- O governo é o poder concedente, é acionista de empresas, pode sinalizar para os credores externos uma disposição importante para resolver esse problema - avaliou.

Não houve, entretanto, nenhuma indicação por parte dos ministros de participação financeira do BNDES.

- O governo não se comprometeu a nada por enquanto. Ele está de acordo com a proposta, mas é preciso dar tempo para que as ações efetivas comecem - disse Zylbersztajn.

Ainda não existe um montante definido para o aporte anunciado pela TAP. A informação é que a empresa investirá ''o máximo permitido pela legislação''. Pinto esclareceu, no entanto, que o aporte de capital que a TAP fará na Varig não comprometerá o déficit fiscal do governo português.

As companhias deverão assinar um contrato de extensão do processo de reestruturação até o fim do ano, informou o executivo. Na próxima semana, haverá outro encontro com representantes do governo para continuar as negociações e definir como o Ministério da Fazenda e as estatais envolvidas - Infraero e Petrobras - atuarão na reestruturação.