Título: Saddam enfrentará apenas 12 acusações
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Fonte: Jornal do Brasil, 06/06/2005, Internacional, p. A9
Denúncias estão 'bem fundamentadas'
BAGDÁ - O governo iraquiano informou ontem que indiciará Saddam Hussein por apenas 12 crimes contra a humanidade, embora provavelmente estejam sendo preparados mais de 500 possíveis casos contra o deposto ditador.
- Não há razão para perdermos tempo tratando de todos eles. Estamos totalmente confiantes de que as 12 acusações amplamente documentadas apresentadas contra ele são mais do que suficientes para garantir que ele receba a sentença máxima - explicou o porta-voz do governo, Leith Kubba.
Saddam - cujo regime foi deposto em abril de 2003, um mês após a invasão dos Estados Unidos ao Iraque - está sob custódia americana. Segundo Kubba, o julgamento deve começar daqui a dois meses.
- A posição do governo é apressar o julgamento - afirmou.
Esta é a primeira vez que se anuncia oficialmente o número final de acusações que serão apresentadas contra Saddam. No sábado, Raed Guhi, juiz encarregado do julgamento do ex-ditador, já havia sinalizado que 12 acusações foram finalizadas. Assim como o governo, o magistrado não revelou quais exatamente são as acusações que pesam sobre o ex-presidente iraquiano, embora tenha indicado que a condenação pode incluir a prisão perpétua e a pena de morte.
Saddam, capturado em dezembro de 2003 perto de Tikrit, sua cidade natal, enfrenta uma série de denúncias referentes a seus mais de 20 anos no poder. As mais notórias são o ataque químico de 1988 contra a cidade curda de Halabja, a enérgica repressão da rebelião xiita, em 1991, a invasão do Kuwait, em 1990, e a execução de quase 160 homens em Dujail, uma vila predominantemente xiita onde o líder sobreviveu a uma tentativa de assassinato, em julho de 1982.
Segundo Guhi, cinco dirigentes do antigo regime compartilham das mesmas acusações que o ex-presidente. Por isso, em certos casos ele será julgado junto a membros de seu governo e, em outros, sozinho. Um dos processos coletivos será ao lado do juiz que ordenou a execução dos xiitas em Dujail.
Kubba garantiu que a administração do primeiro-ministro Ibrahim Jaafari, de maioria xiita, vai erradicar o que chamou de ''pensamento saddamista, fascista e as idéias muçulmanas radicais''.
Membros leais a Saddam e militantes muçulmanos estrangeiros são acusados de incitar a insurgência, que conta com a simpatia de grande parte da antes predominante comunidade árabe sunita.