Título: Rodoviários suspendem paralisação
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Fonte: Jornal do Brasil, 06/06/2005, Brasília, p. D3

Os rodoviários do Distrito Federal decidiram, ontem, em assembléia geral, suspender a greve, marcada para hoje. A decisão foi tomada após os empresários do setor anunciarem aumento de 8,5% para os salário, cesta básica e tíquete refeição, a partir deste mês. A categoria também conseguiu garantia de que as empresas firmarão convênios com bancos para que sejam oferecidos aos rodoviários empréstimos com desconto em folha. As empresas ainda se comprometeram a pagar tíquete-alimentação, durante quatro meses, aos funcionários que estão de licença médica. De acordo com o presidente do Sindicato dos Rodoviários do DF (Sittrater), João Osório, os empresários começaram a fazer contato com ele por volta das 9h de ontem, horário marcado para o início da assembléia da categoria. Por volta das 11h fizeram a proposta que foi aceita, em votação, pela maioria dos rodoviários que estavam na assembléia, no Conic.

Osório disse que os proprietários da Viplan e da Planeta garantiram que os reajustes estão sendo feitos com recursos das empresas e que não conseguiram liberação do governo do DF para aumentarem as tarifas.

- Os empresários disseram que o dinheiro para os reajustes serão tirados do lucro das empresas. Não queremos que tenha aumento nas passagens, mas sabemos que eles estão tentando isso junto ao GDF - afirmou Osório.

Sexta-feira, a categoria tinha decidido deflagrar greve por tempo indeterminado a partir de hoje. As mudanças de planos deixaram muitos rodoviários insatisfeitos e eles partiram para briga com líderes do movimento. Houve tumulto - empurrões, gritos, pronta-pés - entre os próprios rodoviários.

A Polícia Militar tentou controlar a agitação, os rodoviários revidaram e se voltaram contra os policiais, que recuaram. Não demorou muito, os PMs voltaram com a cavalaria. Muitos rodoviários abandonaram a assembléia durante o tumulto com medo de serem feridos. Com a chegada a polícia montada, as brigas foram controladas.

Um motorista de 31 anos, que não quis se identificar, estava insatisfeito com a decisão da categoria. Ele considera que não fazer greve significa mostrar que os rodoviários aceitam qualquer coisa e também deixam o caminho livre para as empresas negociarem aumento das tarifas.

- Eles não deram nem a metade do aumento que reivindicamos. De modo algum poderíamos tem aceitado essa proposta. Mesmo porque tenho certeza que eles vão conseguir aumentar as passagens de ônibus, que já estão entre as mais caras do País - afirmou o rodoviário.

O presidente do sindicato das empresas de ônibus, Wagner Canhedo Filho, e o secretário de Transportes, Mário Cateb, não foram encontrados para comentar a decisão dos trabalhadores.