Título: Inferno astral com fama no exterior
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/06/2005, País, p. A2
Revista britânica The Economist traz artigo sobre as várias crises enfrentadas pelo presidente Lula
A revista The Economist desta semana destaca numa reportagem o ''inferno astral'' do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O texto observa que ''escândalo, popularidade em queda e crescimento econômico decadente não são os melhores preparativos para uma eleição''.
A revista explica que, com a imagem abalada com o caso de denúncias de corrupção nos Correios, os sonhos de reeleição de Lula podem sair prejudicados. ''Essa dose de más notícias não são fatais para as chances eleitorais do presidente. Mas ameaçam debilitar seu governo'' - diz um dos trechos.
De acordo com a publicação britânica, com alianças com partidos como o PTB e esforços para impedir a investigação de corrupção com a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito, o Partido dos Trabalhadores ''não consegue evitar uma imagem sórdida por associação''.
''Há poucos sinais de que Lula tenha planos de reformas para corrigir os problemas na burocracia e nos partidos que levaram pessoas nomeadas politicamente a embolsar propinas'', afirma a Economist.
''Pelo contrário, ele parece esperar que, até a votação, os eleitores já tenham esquecido disso.''
Outra notícia negativa do governo Lula no exterior foi divulgada ontem graças ao ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.
Em meio a um ambiente de tensão diplomática entre Brasil e Argentina, Fernando Henrique concedeu uma longa entrevista à revista semanal ''Debate'', do país vizinho, onde criticou a política externa do governo brasileiro. Entre outros pontos, assinalou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não consegue gerar uma ''liderança real'' na região.
FH disse que se esperava de Lula uma atitude como a do presidente argentino, Néstor Kirchner - que tem um discurso mais duro em relação aos organismos de crédito internacionais.
Na entrevista, que foi a capa da edição da revista, FH disse que o viés político dado pelo atual governo à implementação da Comunidade Sul-Americana de Nações ''não funciona''.
- Se fala-se muito de liderança, perde-se o consenso para liderar - disse.
Apesar de declarar que, se o governo brasileiro conseguir uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, será um êxito diplomático importante, Fernando Henrique fez questão de ressalvar que a idéia não é do atual governo.
- É uma idéia típica do Itamaraty. Eu vim a Buenos Aires quando era presidente e havia um mal estar pelo tema do conselho. Disse na ocasião que preferiria uma boa relação com a Argentina do que uma cadeira no conselho de segurança. [...]O Brasil não pode viver sozinho. Necessita da Argentina - afirmou.