Título: Matéria-prima para a pirataria
Autor: Bruno Rosa
Fonte: Jornal do Brasil, 03/06/2005, Economia e Negócios, p. A19

Das indústrias instaladas no Rio, 25% não têm marca registrada, alerta Firjan De cada quatro empresas instaladas no Estado do Rio de Janeiro, uma não se preocupa com o valor de sua marca a ponto de nem sequer registrá-la no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). É o que revela levantamento inédito elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) com 141 empresas dos 15 setores da indústria de transformação e da construção civil.

Como antecipou na semana passada o Informe Econômico, os empresários nacionais vêm enfrentando crescentes problemas com pirataria de suas marcas no exterior. De acordo com os dados da Firjan, 62,5% dos industriais fluminenses alegam que o registro é dispensável devido ao pequeno porte de suas empresas. A burocracia foi apontada como o segundo motivo. O custo elevado do registro ficou em terceiro, citado por 18,8% dos entrevistados.

- A resposta dos empresários mostra um comportamento equivocado, uma vez que a necessidade de registro se dá independentemente do porte da empresa. A falta de uma marca pode prejudicar a companhia quando ela iniciar um processo de expansão no exterior - explica Luciana de Sá, chefe da assessoria econômica da Firjan.

Três a cada dez empresas já enfrentaram algum problema. O conflito mais comum é o uso indevido da marca por terceiros: 65,9% dos casos. Além disso, 14,6% tiveram marcas falsificadas e 12,2% perderam o direito de uso para os piratas, devido à falta de registro.

- Muitos empresários não sabem que podem perder todo o investimento feito na construção de um nome - endossa Gisela Gadelha, assessora jurídica da Firjan.

A falta de registro é fortemente sentida nos setores de edição e gráfica (32% têm seus nomes resguardados) e construção civil (apenas 20%). A direção da empresa de construção civil Eldec Engenharia e Instalações, há 22 anos no mercado, está entre os que não se preocupam com o problema.

- Não acho necessário porque não tenho relação direta com os consumidores. Não trabalho direto com mídia, por isso não é a minha prioridade - reconhece Genildo Ramos, sócio-gerente da empresa, que conta com 17 funcionários.

A Firjan sedia hoje seminário sobre a importância do registro para os negócios. São esperados mais de 700 empresários e especialistas no tema.