Título: Reforço no investimento de Corumbá
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 03/06/2005, Brasilia, p. D3

Distritais mostram que dissidência foi suspensa e votam autorização para Terracap aplicar até R$ 60 milhões nas obras

A expectativa era apreciar ontem, em uma sessão extraordinária da Comissão de Economia, Orçamento e Finanaças (Ceof), o projeto de lei que autoriza o GDF a contrair empréstimo de US$ 57,5 milhões com o Banco Mundial (Bird). Em um dia tumultuado, com plenário ocupado até as 16h por conta dos depoimentos da CPI da Saúde, os distritais acabaram mudando os planos e despacharam de uma só vez para o Palácio do Buriti um segundo PL de grande interesse do governo: o que autoriza a Terracap a investir até R$ 60 milhões na usina de Corumbá 4. Ó empréstimo com o Bird só deverá ser avaliado na próxima segunda-feira, data em que foi marcada uma nova sessão extraordinária da Ceof. Depois de despertar a ira do governador Joaquim Roriz ao derrubar o projeto que permitia a entrada do BRB no consórcio, ontem, o bloco Pró-Brasília - formado por seis governistas do PFL, Prona e PP - seguiu a cartilha do Buriti e ajudou a acionar o antigo rolo compressor do governo. O projeto foi aprovado em duas sessões extraordinárias, da Ceof e da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), e passou pelo plenário em dois turnos. A votação ontem acabou por volta das 21h. Os únicos votos contrários foram registrados pelos cinco petistas presentes.

A derrubada do projeto do BRB abalou a base governista e o relacionamento entre Roriz e os seis distritais, que na época negociavam trocas de cargos na Secretaria de Saúde. O deputado Leonardo Prudente (PFL), líder do grupo, justificou a diferença de posicionamento sobre a entrada do BRB e da Terracap no capital da usina.

- O BRB tinha o compromisso de encaminhar os estudos de impacto financeiro, e não mandou. A Terracap fundamentou bem sua participação. Além disso, a empresa precisa investir em ativos, pois um dia seu estoque de terrenos termina - explicou Leonardo, complementado pela avaliação de Eliana Pedrosa (PFL): ''esse aporte [R$ 60 milhões]não fere o estatuto da empresa, nem sua situação econômico-financeira''.

O projeto foi aprovado com três emendas apresentadas pela bancada do PT. Os aditivos asseguram a participação da Terracap e da Caesb no conselho administrativo do consórcio, com direito a voto, e vinculam o investimento ao pagamento de dívidas do GDF com a companhia imobiliária. O débito soma R$ 72 milhões, e são referentes a desapropriações em terras de Águas Emendadas. No entanto, existe a possibilidade de que as emendas sejam vetadas por Roriz.

- Faltou planejamento. O fundo de investimentos do BRB tentou aportar R$ 100 milhões para Corumbá, mas o valor foi vetado pelo BNDES. Agora, reduziram este aporte para R$ 66 milhões - afirmou a líder do PT Érika Kokay, explicando porque a oposição manteve-se contra a proposta.