Título: Sorveteiro suspeito de ser 'laranja' de Jefferson
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 05/06/2005, País, p. A6

A edição de ontem da revista Época denuncia que um ex-funcionário do gabinete do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e hoje dono de uma modesta sorveteria em Cabo Frio aparece nos registros do Ministério das Comunicações como sócio de duas rádios nos municípios de Três Rios e Paraíba do Sul, redutos eleitorais do político. Jefferson é pivô de denúncias de corrupção envolvendo nomeações na área federal.

De acordo com a revista, Durval da Silva Monteiro seria ''laranja'' de Jefferson nas emissoras Matosinhos FM, de Três Rios, e Rádio Clube, de Paraíba do Sul - concessões que o deputado federal teria obtido no governo Sarney (1985-1990). Nas duas rádios, Monteiro seria sócio do empresário de Três Rios, Edson Elias Bastos Jorge.

Monteiro confirmou que ele e Jorge ganharam a rádio de Jefferson há cerca de 20 anos, mas que nunca recebeu dinheiro. Afirmou não saber que era sócio também da Rádio Clube. Ontem, Edson Jorge, conhecido como ''Boy''', também negou ser sócio da Rádio Clube. Disse que é inimigo político de Jefferson e que comprou a participação de Durval Monteiro na Matosinhos FM por R$ 5 mil, há dois meses.

De acordo com a Época, Monteiro trabalhou para Jefferson até 1994, como segurança, motorista e funcionário do gabinete. Depois disso, foi camelô no Rio e em Três Rios, onde tinha uma banca de CDs. No ano passado, mudou-se para Unamar, distrito de Cabo Frio, onde é dono da Sorveteria e Pizzaria Mania, à beira de uma estrada.

Ele contou que conheceu Roberto Jefferson ainda nos anos 70, quando o deputado federal trabalhava no departamento de pessoal da fábrica de sorvetes Kibon, e Monteiro era provador de sorvetes. Quando Jefferson foi eleito para seu primeiro mandato como deputado federal, em 1983, Monteiro foi trabalhar em seu gabinete.

O deputado Roberto Jefferson não quis dar entrevistas ontem. Ele passou a manhã no apartamento da Asa Norte de Brasília. Por volta do meio-dia, ciente da presença de jornalistas na portaria do prédio, pediu que o porteiro oferecesse duas garrafas de champanhe e dez taças.

As garrafas foram devolvidas fechadas.

Folhapress