Título: Waldir Pires descarta investigação da CGU
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 04/06/2005, País, p. A2

BRASÍLIA - Horas antes da divulgação da fita da revista Veja, com revelações do ex-presidente do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), o ministro Waldir Pires afastou totalmente a possibilidade da Controladoria-Geral da União investigar as denúncias de corrupção na estatal. Segundo o ministro, as denúncias não são caso de auditoria, que se prenderia à análise de documentos, mas sim de ''uma investigação criminal''. - A Polícia Federal poderá trazer melhores resultados à investigação, porque tem condições de solicitar quebra de sigilo bancário, escutas de telefone e assim apurar melhor.

Waldir Pires considera que a CPI não é a melhor escolha para o momento, já que Polícia Federal, o Ministério Público e a própria CGU trabalham bem nas investigações.

- O governo se esforça porque há um desvio de finalidade. Uma CPI neste momento não é uma medida bem-vinda e não terá a mesma agilidade na apuração das denúncias.

A declaração de Waldir Pires foi feita durante a apresentação do 4º Forum Global de Combate à Corrupção, que começa semana que vem em Brasília. O encontro, que vai abrigar representantes de oito países, além de integrantes da ONU, do Banco Mundial e de instituições relacionadas ao tema, será realizzado num momento complicado para o governo federal, que tenta barrar a instalação da CPI dos Correios no Congresso.

Na terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve assinar carta de ratificação da Convenção das Nações Unidas contra a corrupção.

- Este fórum será essencial para mensurarmos a corrupção e como andam nossos trabalhos nesse sentido - disse Pires.

Com o propósito de disseminar experiências bem sucedidas na prevenção e luta contra corrupção e na promoção de transparência das ações na administração pública, o Fórum terá uma importância bem maior: avançar nas discussões de políticas de parceria internacional no combate à lavagem de dinheiro.

O subcontrolador-geral da União, Jorge Hage, comentou as ações da CGU nas investigações dos Correios. Segundo ele, mais de 600 contratos (inclusive alguns datados de 1997) e 470 procedimento licitatórios estão sendo vasculhados um a um.

- Para tanto, tivemos de ampliar o número de auditores de oito para 28. Há também novas denúncias que a todo momento recebemos de funcionários da casa - afirmou.