Título: Rotina de violência assusta
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Fonte: Jornal do Brasil, 05/06/2005, Internacional, p. A9

Nas últimas três semanas, os casos de violência aumentaram em Porto Príncipe. Além de assaltos a lojas e roubo de carros, ocorriam pelo menos cinco seqüestros por dia, de acordo com o diretor-geral da polícia, Léon Charles. No total, 150 pessoas foram seqüestradas e libertadas após pagamento de resgate, entre elas três estrangeiros. A situação levou os Estados Unidos a pedirem a saída das famílias americanas que vivem no país, ''devido ao alto nível de insegurança''. Apenas o pessoal diplomático essencial foi autorizado a ficar.

- O Departamento de Estado tem todo o direito de retirar seu pessoal, quando quiser. Mas psicologicamente a medida não ajuda, porque passa a imagem de que há insegurança generalizada, o que não é verdade - afirma o general Heleno Ribeiro, comandante militar da Minustah.

O premier Gerard Latortue classificou a decisão dos EUA como um ''duro golpe''.

Um dia antes, desconhecidos armados dominaram um veículo da embaixada americana, mas não causaram vítimas. Com escritórios espalhados por Porto Príncipe, os EUA se vulneráveis quando a violência cresce. Por isso, iniciaram a construção de uma nova sede diplomática, em outra parte do país, e que no futuro servirá para unir todos os seus serviços em apenas uma unidade.

- Atuando com a polícia conseguimos diminuir a onda de seqüestros, intensificando o patrulhamento - afirmou o general brasileiro, comentando ainda o incêndio ocorrido no meio da semana passada.

Gangues de aliados do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide atiraram em duas pessoas e lançaram bombas incendiárias contra um mercado popular de Porto Príncipe. Nove pessoas morreram, sete delas queimadas. Segundo a polícia, a ação foi em represália a policiais que haviam matado um membro do bando.

- Este ataque teve uma repercussão psicológica entre a população, criou pânico. Mas é importante lembrar que a situação não está fora de controle. O processo eleitoral não está ameaçado - garantiu o general. - Vamos gerenciar quaisquer outros incidentes, porque a eleição é a chance do Haiti voltar a ser soberano. (S.M.)