Título: A hora da verdade para Jackson
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/06/2005, Internacional, p. A9

Membros do júri começam a deliberar sobre as 10 acusações

Os 12 integrantes do júri começaram a deliberar ontem sobre se Michael Jackson é culpado ou inocente de abuso sexual de um adolescente. Se for considerado culpado de uma ou mais das 10 acusações, poderá ser condenado a até 20 anos de prisão. Mas após duas horas de reunião, os jurados se separaram sem veredicto - e voltam a se encontrar na segunda-feira de manhã.

O juiz Rodney Melville explicou que as oito mulheres e os quatro homens do júri começaram a deliberação escolhendo um representante.

- Vocês não são réus nem advogados neste caso, vocês são juízes imparciais - disse aos jurados. - Cada um deve tentar chegar a uma decisão, mas ao mesmo tempo estar aberto para mudar de opinião se isto lhe parecer correto.

Depois de três meses de um processo em que a promotoria qualificou Jackson de ''predador sexual'' e a defesa, de ''vítima de uma conspiração'', os membros do júri vão agora decidir sobre as acusações, que incluem abuso sexual de um adolescente, oferecimento de vinho para seduzi-lo e conspiração para mantê-lo seqüestrado.

Pouco antes, a defesa e a promotoria haviam terminado sua última apresentação. Os jurados assistiram a testemunhos bastante explícitos como, por exemplo, a descrição da suposta vítima sobre como Jackson o masturbou.

O advogado Thomas Mesereau, chefe da defesa, terminou sua apresentação ontem pedindo a absolvição de réu de 46 anos, que segundo ele é uma ''vítima das mentiras inventadas por uma família de vigaristas''.

Entretanto, o promotor Ron Zonen defendeu a teoria de que o cantor é um depravado sexual que usou fama e fortuna para construir a fazenda de Neverland, na Califórnia, como uma armadilha para atrair meninos. Para ele, Jackson usou o rancho de fantasia, o álcool e a pornografia para seduzir sua vítima, um adolescente de 13 anos com câncer.

Zonen criticou ainda a afirmação de Mesereau de que o caso era pouco consistente e que, por isso, a promotoria havia sido obrigada a recorrer a outras acusações de abuso sexual apresentadas anteriormente contra Jackson. O promotor lembrou também que os testemunhos sobre abusos anteriores eram cruciais para compreender a conduta do réu, a quem classificou como ''pedófilo reincidente''.

Um adolescente que havia sido molestado por Jackson nos anos 90 passou 357 noites na cama com ele, revelou.

- Isso não é amizade, isso é uma relação de casal - denunciou Zonen.

Quando os presentes ouviram esse depoimento, ''foi como se uma tonelada de tijolos caísse no chão. De repente, todos entenderam o que ocorria'', assegurou o promotor.