Título: Por uma televisão de imagens ilimitadas
Autor: Alexandre Werneck
Fonte: Jornal do Brasil, 04/06/2005, Caderno B, p. B1

Outra dúvida se coloca: seria a recorrência ao 'gay família' uma forma de vender uma imagem mais aceitável aos olhos conservadores da sociedade e, nesse sentido, uma figura de militância? - Não vejo Júnior como um personagem criado com qualquer preocupação moral. Não tive essa preocupação nem busquei aceitação para ele por meio desse recurso. Tentei compô-lo como uma pessoa generosa, não como um gay careta. Mas a generosidade, por mais que soe careta, é uma coisa que me faz a cabeça - diz o ator Bruno Gagliasso, que fez pesquisa em consultórios psicanalíticos para compor seu personagem e afirma acreditar cada vez menos em opção sexual, citando estudos que mostram que 8% de pessoas e animais já nascem com tendências homossexuais.

Já Jean Wyllys acha que, se de alguma forma há a intenção, a TV não tem a capacidade:

- Não acho que seja o personagem na novela que vá fazer diferença na aceitação. A audiência é uma incógnita.

No que é acompanhado por Marcelo Bonfá:

- Na novela ou no cinema, o espectador toma o personagem como ficção. A novela provoca, é um produto forte, mas não traz uma impressão de realidade. O gay não pode aparecer apenas nas novelas, ele tem que ser visto nos programas jornalísticos. É preciso haver mais repórteres assumidamente homossexuais.

Para Du Moscovis, a única questão fechada a esse respeito é a que guiou seu personagem:

- A sexualidade independe da apresentação.