Título: Carreata faz prévia da greve
Autor: Bruno Arruda
Fonte: Jornal do Brasil, 04/06/2005, Brasília, p. D5

Rodoviários levam 400 ônibus para o Eixo Monumental e confirmam paralisação Apesar da iminência da greve dos rodoviários ¿ marcada para a segunda-feira e sem duração determinada ¿ o que se viu ontem em Brasília foi mais ônibus em circulação que o normal. Quase 400 deles, que normalmente estariam recolhidos às garagens, fora do horário de pico, participaram da carreata de mobilização da categoria. Três colunas saíram de diferentes pontos ¿ da 716 Norte, do Carrefour Sul e do camping próximo ao Palácio do Buriti ¿ e encontraram-se no eixo monumental por volta das 10h30. A carreata prosseguiu ao longo do Eixo Monumental e se dispersou por volta das 15h.

¿ Não quebramos o acordo. Estamos fazendo uma manifestação utilizando apenas os ônibus que estariam parados nestes horários. Toda as linhas foram atendidas normalmente, a população não foi prejudicada ¿ garantiu o presidente do Sindicato dos Rodoviários do DF (Sittrater), João Osório, referindo-se ao Termo de Ajustamento de Conduta assinado por ele e por Wagner Canhedo Filho, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte do DF, em que os rodoviários se comprometeram a não fazer paralisações relâmpago. A Procuradoria do Trabalho afirma que ambos os lados estão cumprindo integralmente o acordo.

Osório se disse satisfeito com a mobilização da categoria. Esperava 200 carros na manifestação e quase o dobro apareceu ¿ além dos trabalhadores, gente como Evaristo Bezerra da Silva, aposentado há três anos depois de 28 de atividade como rodoviário, que seguia na comissão de frente da carreata, carregando faixa com pedido de justiça para a categoria.

¿ Já vi até greve de 15 dias, mas nunca tinha visto carreata tão grande ¿ disse".

Além das faixas, a comissão de frente da carreata contou com carro de som, que os rodoviários usaram para cobrar do governo uma posição quanto ao entrevero. Também referiram-se aos "piratas" como responsáveis pelo problema.

Diretor do Sindicato do Transporte Alternativo do DF, Cláudio Deocleciano descreve o efeito da paralisação sem otimismo:

¿ A greve afeta a população, que recorre ao transporte alternativo, muitas vezes com impaciência. A demanda aumenta entre 40% e 70% em períodos de greve. Podemos até diminuir o tempo de soltura entre os carros dentro da mesma linha, mas não podemos colocar mais carros para circular nem ocupar novas linhas, sem autorização.

Para controlar a manifestação, a Polícia Militar destacou 120 homens. Um esboço do esquema de segurança já anunciado para a segunda-feira, quando o policiamento em todas as garagens e terminais rodoviários serão reforçados, bem como o patrulhamento móvel para os eixos de maior tráfego de ônibus. O Sindicato do Comércio Varejista do DF recomenda aos donos de lojas que contratem condução para reduzir os efeitos negativos da greve sobre os comércios.

Última tentativaEm reunião realizada no Ministério Público do Trabalho, o promotor Ronaldo Fleury tentou ainda propor uma solução para a greve certa. Sugeriu que o indicativo fosse suspenso e as empresas de transportes fornecessem balanços e documentos contábeis para que o MPT e um técnico contábil designado pelo Sittrater avaliassem as possibilidades de negociações. No período, a última Convenção Coletiva, já expirada, voltaria a vigorar. A proposta foi recusada por ambas as partes.

Ao final da reunião, as empresas prometeram entregar ao sindicato informações sobre horários e linhas para que organizem o funcionamento do mínimo de ônibus durante a greve.