Título: Appy leva dólar a nova alta
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/06/2005, Economia & Negócios, p. A19

Secretário defende recomposição de reservas e moeda sobe 0,49%, para R$ 2,42

O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, sinalizou ontem que o Banco Central deve voltar a comprar dólares para recompor reservas internacionais.

Segundo Appy, só existem duas maneiras de reforçar reservas: por meio da compra de dólares ou pela emissão de títulos.

- Provavelmente, isso exige compra de dólares no mercado, mas quando vai ser feito é uma discussão à parte - disse.

A declaração de Appy segue a do diretor de Política Monetária do Banco Central, Rodrigo Azevedo. Na última terça-feira, Azevedo afirmou que o BC voltaria a comprar dólar desde que isso não gerasse volatilidade no mercado. Ao longo da semana, no entanto, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, repetiu que o BC ficaria longe do mercado de dólares.

- Não acredito que seja virtuoso o governo dar um valor para o câmbio - disse Palocci, na última quarta-feira.

Com a perspectiva da volta do BC ao mercado, o dólar encerrou a semana com alta de 1,8%. Ontem, o dólar sofreu forte volatilidade e fechou subindo 0,49%, cotado a R$ 2,425 na compra e R$ 2,427 na venda.

Appy afirmou que ainda é difícil antever o comportamento da moeda americana.

- Se a taxa de juros cair, a tendência é que o câmbio se desvalorize. Mas, se houver uma melhora grande nas expectativas em relação ao Brasil, isso pode aumentar o fluxo de investimentos diretos no país, o que tem efeito contrário - ponderou.

Apesar da apreensão do mercado financeiro e principalmente dos exportadores com o comportamento da taxa de câmbio, Appy afirmou que os movimentos de depreciação cambial devem ser mais suaves no futuro.

A estabilidade econômica deverá se traduzir também em menor impacto da flutuação cambial na taxa de inflação, acredita.

- Movimentos de curto prazo no câmbio têm um efeito mais espaçado sobre a taxa de inflação doméstica em países de economia mais estável - justificou.

O dia não foi positivo na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O pregão foi derrubado pelo comportamento das bolsas americanas, sua principal referência, o que detonou um movimento de realização de lucros pelos investidores domésticos.

O Ibovespa, principal termômetro do mercado acionário, concluiu o dia em 26.365 pontos, queda de 1,03% sobre o fechamento de anteontem. O giro foi praticamente a metade do dia anterior: R$ 1,09 bilhão.