Título: Homem tem 10 mil genes a menos
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Fonte: Jornal do Brasil, 21/10/2004, Ciência, p. A-12
Estudo conclui que genoma humano é menor, mas que seus elementos são mais especializados
O ser humano tem uma quantidade de genes muito menor do que se pensava, de acordo com uma pesquisa publicada na revista científica Nature por um consórcio de cientistas. Os pesquisadores compararam o mapeamento do genoma humano com a versão de publicada no ano passado, para comparar as diferenças.
Há uma década se imaginava que o número total giraria em torno de 100 mil. Os pesquisadores descobriram que o genoma humano mais recente tem entre 20 mil e 250 mil. Isso mostra, segundo os cientistas, que a sequência é mais importante do que a quantidade.
- Significa que cada gene pode ser usado de diferentes maneiras dependendo de como é ordenado - disse Tim Hubbard, do grupo de Genética Humana do Instituto Sanger, em Cambridge, na Inglaterra. A conclusão do estudo também surpreendeu outros cientistas.
- Quando analisamos o rascunho da sequência, há três anos, estimamos que houvesse entre 30 mil e 35 mil genes, o que surpreendeu muita gente - disse Francis Collins, diretor do Instituto de Pesquisas do Genoma Humano dos EUA, em Bethesda, Maryland, e um dos responsáveis pelo levantamento.
O estudo é realizado por uma iniciativa conjunta de cientistas de 20 instituições dos EUA, da Europa e da Ásia, o Projeto Genoma Humano.
- A nova análise nos fornece o panorama mais claro até agora de nosso genoma - disse Collins num comunicado. Os cientistas esperam, ao identificar os genes humanos e o que cada um faz, poder acelerar o diagnóstico e o tratamento de doenças, além de descobrir curas. A seqüência atual, por ser mais completa, permitirá que se pesquisa com exatidão os fatores genéticos que levam a pessoa a apresentar disposição para desenvolver diabetes.
- É importante que as pessoas saibam que há uma sequência de referência ainda mais atualizada do genoma humano - disse Jane Rogers, chefe de sequenciamento no Wellcome Trust Sanger Institute, na Inglaterra.
A sequência publicada na Nature é a mais completa já feita. Ela cobre 99% das partes do genoma humano que contêm genes. Estão identificados 99,7%, com precisão de 99,9%, afirmaram os cientistas. A nova linha identificou o surgimento de 1.183 genes nos últimos 100 milhões de anos, e a morte de cerca de apenas 30 no mesmo período. Rogers disse que agora os pesquisadores precisam aprender mais sobre o funcionamento dos genes.