Título: Cespe não acha fraude apontada pela polícia
Autor: Soraia Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 04/06/2005, Brasília, p. D5

Sindicância diz que concurso de fiscal foi regular O pastor evangélico Azulwilson Dantas Montenegro e sua esposa Maria Auxiliadora Antunes depuseram, ontem, pela segunda vez na Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco). Os dois são acusados de participar do núcleo da máfia dos concursos como recrutadores e pediram ao delegado para serem ouvidos novamente, afirmando ter novidades. Para surpresa do delegado, Cícero Monteiro, os dois nada acrescentaram aos depoimentos anteriores. Na manhã de ontem, o procurador da Universidade de Brasília (UnB), José Weber de Holanda, entregou à Deco a sindicância feita pelo Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe) para apurar irregularidades no concurso de fiscal tributário da Secretaria de Fazenda do Mato Grosso, de 2002.

Apesar das investigações da Polícia Civil terem comprovado a fraude no concurso, a sindicância do Cespe não encontrou problemas. Neste concurso, Hélio Garcia Ortiz, suposto líder da quadrilha de fraudadores, passou em quinto lugar e foi um dos interrogados na sindicância do Cespe. A Polícia avisou, ainda, que irá investigar cinco pessoas por sonegação fiscal. São elas Hélio Ortiz, sua esposa, Édina, a filha, Caroline e os dois acusados de fazerem a ligação com o Cespe, Carlimi Argenta Oliveira e Fernando Leonardo Oliveira.

O Departamento de Atividades Especiais da PCDF, que coordena a operação Galileu, solicitou ao Cespe o nome dos professores responsáveis pela elaboração das provas e avisou que irá ouvir os depoimentos de pelo menos cinco pessoas da instituição a partir de segunda-feira.

Polícia Federal -A participação da Polícia Federal na operação que indiciou 106 pessoas acusadas de envolvimento em fraudes de pelo menos dez concursos foi apenas pontual. O superintendente regional da PF, Daniel Gomes Sampaio, afirmou que a Polícia Civil já estava investigando a quadrilha de Hélio Ortiz desde o concurso da própria PCDF, em 2002.

A participação da Polícia Federal foi solicitada em abril deste ano, ao se constatar que haveria uma tentativa de fraude no concurso para agente penitenciário federal. O concurso foi adiado um mês para que a operação fosse montada.

- O trabalho foi feito em conjunto, mas a investigação é da PCDF - afirma Sampaio.

Segundo ele, a investigação e a análise ficaram a cargo da Polícia Civil e a Polícia Federal apenas colaborou com a prisão de pessoas que estavam fora do DF no final da operação. Após a conclusão das investigações, a PCDF enviará um relatório dizendo em quais os concursos as fraudes foram comprovadas. A partir daí, a PF assumirá a investigação dos concursos nacionais.