Título: Acusada diz que vem recebendo ameaças
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 04/06/2005, Brasília, p. D3

Aguardados com expectativa pelos deputados distritais, os depoimentos programados para a manhã de ontem na CPI da Educação não trouxeram muitos esclarecimentos. O gerente da área de engenharia da Secretaria de Educação, Gibrail Gebrin, e a executora de contratos de licitação Hélvia Paranaguá - citados como principais articuladores dos supostos esquemas de fraudes em licitações - negaram todas as acusações. A segunda executora sob suspeita, Elisabeth Marinini, alegou motivos de saúde e, pela segunda vez, faltou à convocação. Bastante nervosa, Hélvia afirmou que vem sofrendo ameaças anônimas, por telefone. A voz, segundo ela, afirma saber ''onde seus filhos estudam'' e falam que ''ela está do lado errado''. O advogado Rogério de Castro afirma que pediu à CPI proteção policial para a servidora.

Durante seu depoimento, Hélvia justificou os aumentos nos preços dos contratos com a Moura Transportes e a Jovem Turismo devido a mudanças nos editais, que definiram como ponto de partida para cobrança dos quilômetros rodados a casa do estudante e não mais a saída da garagem dos veículos. O preço subiu até 333%. Mas, segundo a executora do contrato, a mudança serve para compensar as perdas das empresas de transportes com as novas regras.

Gibrail Gebrin, citado como receptor de propinas em uma gravação em poder do Ministério Público do DF, recusou-se a repetir respostas que já havia dado ao MP e, diante da maioria das perguntas sobre licitações, afirmou não ter conhecimento por não se tratar de sua área de atuação.

Segundo um trecho de uma fita apresentada ontem à CPI por Antônio Ferreira César, funcionário da subsecretaria de Assuntos Operacionais, Hélvia, Elisabeth e Gibrail teriam sido responsáveis pela nomeação dos integrantes da Comissão Permanente de Licitação. Quem estaria afirmando isso na gravação, segundo Antônio, é a consultora jurídica Maristela Neves.