Título: Varig perde com fim do acordo com TAM
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 04/06/2005, Economia & Negócios, p. A20
Participação no mercado doméstico caiu em abril e maio
No primeiro mês sem o compartilhamento de vôos com a TAM, a Varig viu seu mercado ser tomado pela concorrente de São Paulo. A empresa, que já havia registrado a menor taxa de ocupação entre as companhias aéreas pesquisadas pelo Departamento de Aviação Civil (DAC) em abril, viu sua participação no mercado doméstico, em maio, cair 3,48 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado. Ao todo, a perda no mercado doméstico chegou a 0,74 ponto percentual em abril, o que demonstra, segundo analistas, a gravidade da situação da empresa controlada pela Fundação Ruben Berta, que mantém a liderança apenas nas rotas internacionais.
Em maio, a Varig deteve uma participação de 26,87% do mercado doméstico. O problema é que, no mesmo período do ano passado, essa fatia chegava a 30,35%. Nas rotas internacionais, no entanto, a empresa manteve a liderança, com 81,33%, mas também nesse mercado houve perda de espaço. Em abril, a Varig teve 82,23% de participação, enquanto em maio de 2004 ocupava 86,64% do segmento. Procurada, a empresa não se manifestou sobre os dados divulgados pelo DAC.
Gol e Varig apresentaram empate técnico em abril, quando registraram, respectivamente, 27,81% e 27,61%. Em maio, na comparação com abril, a Gol perdeu 0,2 ponto percentual e ficou com os mesmos 27,61% que a Varig no mês anterior. Apesar disso, sua vantagem para a Varig aumentou para 0,74 ponto percentual.
A TAM, que tinha 42,3% em abril, atingiu os 43,16% em maio e consolidou a liderança conquistada em novembro de 2003 nas linhas nacionais. Foi a única das três grandes aéreas a registrar crescimento em relação ao mês anterior. Nas rotas internacionais, a empresa aparece com 16,75%, ante os 15,84% de abril.
Entre as três, a Varig foi a que obteve a menor taxa de ocupação (relação entre assentos oferecidos e passageiros transportados), 62%. Ao mesmo tempo, a Gol aparece com 73% e a TAM, com 66%.
Com o fim do compartilhamento de vôos (''code share'') no dia 2 de maio, a TAM, na opinião dos especialistas em aviação comercial, ganhou passageiros da Varig.
- Essa aceleração da distância entre Gol e Varig é um efeito do fim do ''code share''. E a tendência agora é essa diferença crescer de maneira exponencial - afirma Marcelo Ribeiro, da consultoria Pentágono. - O passageiro da Varig usou o avião da TAM, viu que era mais novo e agora está preferindo voar com a concorrente.
Ainda segundo o consultor, na concorrência direta com TAM e Gol, a Varig não teria como evitar a diminuição progressiva de sua participação doméstica. A estratégia da empresa, observou, é focar na rentabilidade. O problema é que a empresa apresenta justamente a menor rentabilidade entre as três grandes do setor.