Título: Crescimento desordenado agrava crise
Autor: Danyella Proença
Fonte: Jornal do Brasil, 05/06/2005, Brasília, p. D1

Todos os especialistas ouvidos pelo Jornal do Brasil foram unânimes em apontar o crescimento desordenado dos condomínios irregulares como um dos principais causadores da crise no sistema de abastecimento de água no DF. O boom dessas ocupações começou nos anos 80 e inviabilizou a utilização da barragem do Rio São Bartolomeu, idealizada para garantir o abastecimento local. Hoje, enquanto batalham pela legalização, os condomínios tornaram corriqueira a exploração de águas subterrâneas. Segundo o subsecretário de Recursos Hídricos, Pedro Celso Antonieto, existem cerca de 1800 poços artesianos no DF. Desses, aproximadamente 80% são irregulares. Júnia Bittencourt, presidente da União dos Condomínios Horizontais do DF e Associação de Moradores (Única), acusa a Caesb de omissão. Segundo ela, a empresa só têm procurado os condomínios que já tem uma estrutura montada para captação de água, com bombas e sistemas de tratamento. Nesse caso, os moradores teriam de ceder a aparelhagem instalada por eles para a Caesb, que garantiria o abastecimento. Júnia reivindica uma contrapartida da empresa, já que os gastos com as bombas foram elevados. Para ela, o retorno mais urgente deveria ser o esgotamento sanitário e o atendimento aos condomínios que não dispõem da mesma infra-estrutura.

Em Sobradinho, na região da Contagem, não é preciso andar muito para ver terrenos em que os poços semi-artesianos estão a menos de 10 metros das fossas sépticas. A água consumida pelos moradores é turva e contaminada. Segundo os moradores, é comum que as crianças sejam hospitalizadas com febre e diarréia. Todos são unânimes ao afirmar que esperam a atuação da Caesb. O presidente da empresa, Fernando Leite, rebate as críticas e garante que já está sendo feito o cadastro de todos os condomínios do DF. De acordo com ele, mesmo os irregulares serão atendidos:

- É só uma questão de tempo. Entendemos o abastecimento de água como questão de saúde pública, acima da questão fundiária. Nossa meta é construir redes para atendê-los, mas sem ferir a lei - diz.