Título: Críticas no setor produtivo
Autor: Janaína Leite
Fonte: Jornal do Brasil, 21/10/2004, Economia, p. A-17

Empresários e trabalhadores reclamam do BC

O setor produtivo recebeu a notícia da elevação da Selic como sinal de que a política econômica continuará apertando o garrote no mercado interno. - É questionável manter juros elevados num mercado ainda distante de qualquer risco de inflação de demanda - criticou o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. - A melhor solução seria estimular investimentos, visando o aumento da oferta e da produção, criando mais empregos e desencadeando um círculo virtuoso na economia brasileira.

Na Confederação Nacional da Indústria (CNI), a análise foi semelhante.

- A alta dos juros é danosa à produção e ao investimento. A CNI lamenta essa decisão - afirmou o presidente em exercício da instituição, Carlos Eduardo Moreira Ferreira.

O presidente da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, divulgou nota afirmando que ''as rédeas do Brasil escapam, mais uma vez, das mãos do governo'': ''O reajuste compromete a retomada do desenvolvimento social, uma vez que a medida fará com que o consumo, a renda do trabalhador e a empregabilidade voltem a cair'', diz o texto.

Para a Central Única dos Trabalhadores (CUT), é ''inadmissível a política de juros adotada pelo Copom. Essa receita conservadora certamente continuará inibindo o crescimento econômico, tornando cada vez mais distante as possibilidades de solução para o grave problema do desemprego''.

No Senado, a decisão do BC não foi elogiada pelos aliados do governo nem pela oposição. Para o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), a alta da Selic foi uma tentativa do Copom de mostrar que suas decisões não sofrem interferência política.