Título: Oposição obstrui CCJ
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 08/06/2005, País, p. A4
BRASÍLIA - A oposição obstruiu os trabalhos ontem na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e o relatório do deputado Inaldo Leitão (PL-PB) sobre o recurso contra a CPI dos Correios sequer chegou a ser lido. Seguindo a nova orientação governista, Inaldo resolveu considerar a CPI constitucional, desde que restrita aos Correios. A oposição não aceitou a proposta, apoiou-se em manobras regimentais e conseguiu adiar a discussão para hoje. - Não aceitamos uma CPI pela metade. É isso o que o governo quer - esbravejou o vice-líder do PFL na Câmara, Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).
Para o líder do PFL na Casa, Rodrigo Maia (RJ), os dois casos são semelhantes, já que tratam de cobrança de mesadas para partidos políticos. A primeira estratégia do PFL foi pedir a leitura da ata da reunião anterior. Mera atitude protelatória, seguida pelo pedido de votação da ata, de maneira nominal. O deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) propôs um acordo, retirando do relatório do deputado Inaldo Leitão a palavra ''limitando a investigação às denúncias dos Correios''.
- Se fôssemos mais rigorosos, deveríamos considerar esse requerimento inconstitucional. Ele está repleto de erros - criticou Cardozo.
Durante reunião de líderes na manhã de ontem, Chinaglia e os aliados consideraram que é difícil criar uma estratégia antes que a CCJ defina os rumos da investigação. O Governo, que chegou a trocar integrantes da CCJ na semana passada para tentar derrubar a CPI na Comissão e em plenário, rendeu-se ontem à defesa das investigações. Se a estratégia original tivesse prosseguido, os petistas amargariam pelo menos um voto contrário: o presidente da CCJ, Antônio Carlos Biscaia, já tinha um voto em separado pronto, descumprindo a orientação inicial de sua bancada. A oposição ainda aposta no tempo para, além de sangrar mais o Governo, pressionar o presidente do Senado, Renan Calheiros, a indicar os nomes para a Comissão Mista dos Correios.