Título: Greve nos postos agrava crise na saúde
Autor: Mariana Filgueiras e Branca Nunes
Fonte: Jornal do Brasil, 07/06/2005, Rio, p. A9

Prejudicada pela crise na rede estadual, que há cinco dias enfrenta paralisação dos prestadores de serviço, a saúde do Rio sofre, desde ontem, de mais um mal. Funcionários federais de 13 Postos de Atendimento Municipal (PAMs) e três hospitais federais decidiram suspender as atividades por tempo indeterminado. As paralisações já atingem, no Rio de Janeiro e Região Metropolitana, 22 unidades de saúde, envolvendo as três esferas - municipal, estadual e federal. - Acreditamos que os atendimentos nos hospitais estaduais do Rio de Janeiro tenham diminuído em 50% - afirma o deputado estadual Paulo Pinheiro (PT), presidente da comissão criada para acompanhar a crise na saúde do estado: - Agora, a paralisação dos hospitais federais vem agravar essa situação crítica que vivemos.

O Hospital dos Servidores do Estado, no Centro, está paralisado desde ontem pela manhã, segundo a representante do hospital no Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência Social (Sindsprev/RJ), Maria Conceição Marques. Os setores de fisioterapia, laboratório, clínica médica e odontologia não estão funcionando, mas, não há a intenção de parar todos os setores.

- Não podemos parar o hospital cem por cento, mas queremos atingir todas as unidades federais - observou Maria Conceição Marques.

No Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, 706 funcionários entraram em greve. A assessoria do hospital garantiu que nenhum paciente deixará de ser atendido, pois foi feito um remanejamento com funcionários de outros setores, principalmente para o ambulatório. A opção para pacientes da região não existe: o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, também está em greve.

Em Jacarepaguá, servidores do Hospital Cardoso Fontes decidiram entrar em greve somente a partir de quinta-feira. Ficarão suspensas as consultas ambulatoriais e cirurgias eletivas. O setor de emergência vai atender os casos mais graves e o serviço de pronto-atendimento vai funcionar, mas com triagem.

Os pacientes que precisarem de atendimento deverão procurar o Hospital Lourenço Jorge, já que os hospitais estaduais Pedro II, em Santa Cruz, e Rocha Faria, em Campo Grande, só estão recebendo casos considerados gravíssimos.

Em Niterói, todas as unidades municipalizadas nas quais trabalham servidores federais também suspenderam o atendimento: o Centro Previdenciário de Niterói (CPN), o Hospital Orêncio de Freitas e a Policlínica Silvio Picanço.

Nos postos de saúde municipais, foram confirmados pela Secretaria Municipal de Saúde a paralisação no Hospital Francisco da Silva Teles, conhecido como PAM Irajá, e no Hospital Carlos Alberto Nascimento (PAM Campo Grande). De acordo com o Sindsprev/RJ, entram em greve hoje os PAMs de Coelho Neto, Méier e, amanhã, a Policlínica Piquet Carneiro , na Rua São Francisco Xavier. Na Região dos Lagos, pararam os de Araruama, Cabo Frio, Saquarema e o Centro Integrado Materno Infantil de Araruama.

Ainda hoje, mais dois hospitais federais decidem quando entrarão em greve. Às 10h, reúnem-se em assembléia funcionários do Hospital da Lagoa, e, às 14h, servidores do Hospital Geral de Bonsucesso.

O Ministério da Saúde nega a existência de greve no Hospital dos Servidores do Estado e garantiu que o Ministério do Planejamento está em negociação com o sindicato.