Título: PP e PL prometem processar Jefferson
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 08/06/2005, País, p. A6

BRASÍLIA - Os dois partidos - PP e PL - acusados pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, de receber mesada para votar com o governo, decidiram ontem processar o parlamentar. Adotaram, contudo, caminhos distintos: o PL resolveu apresentar, como partido político, uma representação no Conselho de Ética da Casa pedindo a cassação de Jefferson por quebra de decoro parlamentar. Mais cauteloso, o PP preferiu apresentar uma interpelação judicial no Supremo Tribunal Federal e uma representação na Corregedoria da Câmara. O corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), anuncia hoje a comissão para investigar as denúncias contra Jefferson. A intenção do parlamentar é ouvir o deputado o mais rápido possível.

- A comissão precisa ser anunciada em plenário. Se conseguirmos ouvir o Jefferson ainda esta semana, melhor - declarou.

O presidente do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), explicou que o partido reagiu com o pedido de cassação porque não vai aceitar que um ''chantagista atinja deputados de sua legenda com acusações injustiças e mentirosas''.

- O PL não tem medo dessas denúncias. Sabemos que ninguém participou.

Para evitar o arquivamento do pedido de cassação antes mesmo de chegar à Comissão de Ética, o PL se baseou no artigo 14 do Código de Ética da Câmara, segundo o qual pedidos de cassação feitos por partidos políticos não podem ser arquivados pela Mesa Diretora da Câmara e devem ser instaurados imediatamente.

Eles adotaram também o artigo 240 do Regimento Interno, que prevê que, uma vez aberto o processo de cassação, o deputado não pode renunciar ao mandato. O PL foi citado por Jefferson como um dos partidos, ao lado do PP, que recebeu o mensalão.

Logo pela manhã, a Corregedoria recebeu o pedido de abertura de sindicância para apurar as denúncias de pagamento de mesadas. A solicitação veio do presidente da Câmara, Severino Cavalvanti (PP-PE), que afirmou, ano passado, ter ouvido referências a uma mesada.

O ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), reapareceu ontem. Em setembro do ano passado, quando o JB denunciou a existência do mensalão, João Paulo abriu investigação na Corregedoria da Câmara, mas o processo foi arquivado duas semanas depois, sem que ninguém fosse ouvido, sob a alegação de que não havia denunciante. João Paulo resolveu, então, processar o JB por calúnia, com ação de danos morais e queixa-crime, além de direito de resposta.

Questionado ontem se o PT deveria pressionar o deputado Miro Teixeira (PT-RJ) a dizer tudo o que sabe sobre a história, João Paulo deu um sorriso amarelo e escapou pela tangente.

- Não sei - declarou, com a mão no bolso e uma fisionomia constrangida.