Título: Marcos Coimbra: Administrar a crise é o segredo
Autor: Paulo Celso Pereira e Israel Tabak
Fonte: Jornal do Brasil, 08/06/2005, País, p. A7

Em maio de 1997, um escândalo ameaçava o primeiro governo Fernando Henrique Cardoso: gravações de diálogos de deputados do PFL, que falavam em propina de R$ 200 mil para votar a emenda da reeleição, - envolvendo o então ministro das Comunicações, Sergio Motta - levaram parlamentares da oposição a falar em crime de responsabilidade e impeachment. Três meses depois não se falava mais do assunto. E em 1998, FH se reelegeu com tranqüilidade, no primeiro turno. O diretor do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, relembra o episódio para demarcar o impacto que crises bem e mal administradas podem causar nos planos eleitorais dos eventuais atingidos.

- O governo FH agiu com extrema eficiência ao encaminhar a questão. Os deputa dos foram expulsos do PFL, não houve CPI, nem transbordamento administrativo e político. No caso atual da mesada, vi pelo menos meia dúzia de versões diferentes, dadas por gente do governo - analisa Coimbra.

O diretor do Vox Populi conclui que se o atual governo for incapaz de administrar com eficiência a crise gerada pela denúncia do deputado Roberto Jefferson, serão inevitáveis os reflexos negativos nos bons índices do presidente Lula. Caso contrário, como aconteceu no episódio de 1997, os danos eleitorais podem se tornar insignificantes.

- Crises acontecem todo dia, algumas maiores, outras menores, e, em princípio, existe sempre a possibilidade de serem bem resolvidas. a crise gerada pela denúncia do mensalão, em sua essência, nada tem de diferente em relação ao episódio da emenda da reeleição. Um fato, contudo, é inegável. A articulação política de Fernando Henrique funcionava bem melhor.