Título: Valmir Amaral dá ultimato ao PP
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 07/06/2005, Brasília, p. D3

A disputa pela presidência regional do Partido Progressista levará o senador Valmir Amaral a mandar hoje um ultimato à direção nacional da legenda. Ele quer que a Executiva, liderada pelo deputado federal Pedro Corrêa (PE), resolva sua situação com o ex-vice-governador do DF Benedito Domingos, que na última sexta-feira tomou de volta o comando do PP-DF das mãos de Amaral. Na carta, o senador, que posou como presidente da sigla por apenas 16 dias, ameaça deixar o PP caso Benedito Domingos permaneça no partido, alegando ''dificuldades de convivência''. Valmir Amaral deixou o PMDB e desembarcou no PP sob a promessa de Corrêa de que tomaria a direção regional. O acordo foi fechado em 29 de abril, quando uma nova composição para a Comissão Provisória foi desenhada. Dos 17 nomes, 11 eram de pessoas ligadas aos senador, entre elas sua mãe e sua irmã. Uma verdadeira guerra interna foi então deflagrada. Dois dias depois, desconfiado de que seria alijado da direção, Benedito realizou uma reunião do diretório regional e elegeu-se presidente. Os dois atos - tanto o da intervenção nacional quanto o da reunião regional - só foram protocolados no dia 18 de maio. Na última sexta-feira, o Tribunal Regional Eleitoral negou o mandado de segurança feito a pedido do grupo de Amaral e indeferiu recursos.

Excluído da presidência, Amaral acabou ficando de fora também do horário gratuito reservado ao PP, apesar de estar com o programa eleitoral gravado e pronto para ir ao ar na noite de ontem. De volta ao comando da legenda, Benedito teria impedido o aparecimento do empresário na televisão.

Aliados de Amaral consideram a eleição da Executiva regional, realizada por Benedito, uma traição à legenda, pois existe uma deliberação nacional proibindo a escolha de presidentes regionais até que a direção nacional dê sinal verde.

- O Estatuto do PP, que é superior à decisão do presidente, não diz nada disso - justifica Benedito.

O líder evangélico afirma estar ''preparado'' para qualquer decisão que a direção nacional tomar diante da carta de Amaral. Ele confia na liderança que exerce sobre as bases e em seu histórico político. Afirma ainda estar tranqüilo, pois ''reagiu dentro da lei''.

- É como se você morasse em uma casa há 15 anos, vem uma pessoa estranha que te joga na rua e quer mandar em tudo, dominar o partido, intervir em zonais. Não é assim que se faz. Se a nacional agir assim, achando que é ditadura, sem respeito às bases, o PP estará fadado ao fracasso em 2006 - afirma Benedito.

Até a intervenção, a legenda não tinha representantes no Senado. Há expectativas sobre a filiação de pelo menos outros dois senadores e, com um bloco de três parlamentares naquela Casa, a garantia de mais cargos e maior espaço. Valmir Amaral foi procurado pelo JB, mas não retornou as ligações.