Título: Major nega fraude e se diz vítima de armação
Autor: Soraia Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 07/06/2005, Brasília, p. D4

O ex-secretário de Educação de Valparaís, depôs, ontem, na Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco) e negou participação na máfia dos concursos. O major, que estava foragido desde o dia 22 do mês passado, quando ocorreu o concurso para agente penitenciário federal, se entregou ao Comando da Polícia Militar de Goiás, no dia 2. Bonaldo chegou à delegacia por volta das 15h, acompanhado pelo coronel Edmond Cardoso da Silva da PM-GO. O coronel afirmou que a Corregedoria está investigando o caso e pode expulsar o major da corporação caso as denúncias sejam comprovadas. Bonaldo chegou e saiu sem algemas, embora esteja preso na Academia de Polícia Militar de Goiânia, e seu depoimento durou uma hora e meia.

Na saída, o major afirmou que não fazia parte da quadrilha e que conhecia Hélio Ortiz de Valaparaíso, por ele ser criador de galos. Garantiu, no entanto, que não participava das rinhas promovidas por Ortiz.

- Isso é uma armação. O fato de eu conhecer (Ortiz) não significa que eu participava disso - afirmou o major, ao ser interrogado sobre sua suposta participação na quadrilha das fraudes.

O delegado Miguel Lucena, diretor de Comunicação da Polícia, falou, no entanto, que nas ligações telefônicas grampeadas durante a investigação, Bonaldo chegou a negociar valores e provas com os outros integrantes da quadrilha.

Também na tarde de ontem, Giancarlo da Silva Lara Castrillon, acusado de participar do recrutamento de candidatos no Mato Grosso, se entregou à Polícia Civil do DF. Apenas o advogado Airton Martins da Costa continua foragido.

Investigação federal - O inquérito que investiga o esquema de fraude em pelo menos dez concursos em todo o Brasil será transferido para a Justiça Federal. Márcio Evangelista da Silva, juiz substituto da 3ª Vara Criminal de Brasília, explicou em nota oficial, divulgada ontem, que a medida foi tomada para evitar decisões contraditórias no julgamento dos caso.

Na nota, o juiz esclarece que as investigações começaram para investigar uma quadrilha que fraudava concursos no DF e que, apesar dos haviam indícios de que as fraudes aconteciam em concursos realizados pelo Centro de Seleção e Promoção de Eventos, apenas com a prisão de Hélio Ortiz ficou comprovação a participação de pessoas de dentro da instituição no crime.

Com o depoimento de Carlimi Argenta de Oliveira, que afirmou ter conseguido a prova com seu companheiro, Fernando Leonardo Oliveira, ex-funcionário da área gráfica do Cespe, ficou confirmada a participação de alguém do Centro no esquema de fraudes. O Cespe, que até então era visto apenas como executor dos concursos, passou a ser envolvido nas fraudes, pois seu ex-funcionário é acusado de corrupção .

Na nota o juiz conclui que dividir o julgamento entre as justiças Federal e Distrital prejudicaria a avaliação, pois ''não há como manter neste juízo os crimes de quadrilha, os crimes praticados pela quadrilha e remeter tão somente o crime praticado por Fernando à Justiça Federal, até porque este também está indiciado como integrante da quadrilha''.