Título: Dívida em títulos cresce R$ 9,5 bi
Autor: Simone Cavalcanti e Janaína Leite
Fonte: Jornal do Brasil, 21/10/2004, Econimia, p. A-18

Levy lança relatório questionando posição do Brasil em ranking de competitividade

A dívida do governo federal em títulos públicos subiu 1,25% em setembro e atingiu R$ 771,3 bilhões, contra R$ 761,77 bilhões em agosto. Do total da dívida, a parcela de títulos públicos federais com vencimento em até 12 meses aumentou de 44,5% para 46,7% em setembro. De acordo com o coordenador de Operações da Dívida Pública, Ronie Tavares, o aumento do percentual desses papéis deve-se à maior colocação de Letras do Tesouro Nacional (LTNs), por conta da estratégia do Tesouro de substituição de títulos pós-fixados por prefixados.

- Estamos fazendo resgates consecutivos de LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) e vamos continuar com esta estratégia - afirmou Tavares.

No mês passado, ocorreu um aumento de R$ 21,4 bilhões de títulos a vencer dentro do prazo de um ano. Na avaliação de Tavares, o mercado vem apresentando uma forte demanda por papéis com vencimento em 2005.

- Esses títulos têm uma liquidez mais alta - sustentou.

Como conseqüência das estratégia do governo, houve redução da exposição cambial para 12,32% em setembro. No mês anterior, a participação de títulos e swaps cambiais na dívida havia sido de 13,15%. Com isso, em termos financeiros, o estoque desta dívida cai abaixo dos R$ 100 bilhões, ficando em R$ 95,03 bilhões e próximo ao patamar de dezembro de 1999.

A parcela dos prefixados aumentou para 17,46%, ante 16,66% em agosto. O aumento ocorreu principalmente porque o Tesouro Nacional emitiu R$ 6 bilhões em Letras do Tesouro Nacional (LTNs) no período analisado.

Já o nível de títulos remunerados pela taxa básica de juros (Selic) pouco aumentou, de 52,93% para 53%, apesar do resgate líquido de Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) de R$ 1,7 bilhão.

Ontem, o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, enviou relatório a instituições financeiras questionando a queda de competitividade do Brasil, verificada na pesquisa apresentada pela consultoria AT Kearney no Fórum Econômico Mundial.

O documento apresentado por Levy é intitulado Entendendo os Relatórios do Fórum Econômico Mundial e da A.T.Kearney. O texto é um contra-estudo elaborado pela equipe do Tesouro, com a pretensão de mostrar que, não fosse pelo uso de números antigos e pela mudança de peso nos critérios de risco de investimento, os brasileiros teriam se saído bem melhor na pesquisa.

- Não fiz a análise para convencer os grandes investidores, mesmo porque eles possuem recursos sofisticados e sabem que o Brasil está melhor do que aparece nas pesquisas. O contribuinte é quem precisa ser informado - afirmou Levy. - Os dados, por si, não significam nada. Eu vou engolir os números sem entender? Claro que não. Resolvi checar.

Segundo Levy, os dados macroeconômicos de 2002 e 2003 contribuíram para a posição do Brasil.

- Nenhum outro país passou por problemas grandes, nem promoveu um ajuste tão forte como nós.