Título: Energia preocupa
Autor: Olivia Hirsch e Sheila Machado
Fonte: Jornal do Brasil, 08/06/2005, Internacional, p. A8

BUENOS AIRES - A América do Sul reagiu com preocupação à crise política que se abateu sobre a Bolívia. Alguns países disseram temer que a instabilidade se espalhe pela região e que gere problemas de abastecimento no setor energético.

- Para o Chile, uma Bolívia institucionalmente estável é muito importante - afirmou Osvaldo Puccio, porta-voz do governo chileno, cujas relações com o país vizinho estão suspensas há décadas devido a uma disputa territorial.

O Brasil mostrou-se disposto a apoiar uma solução para a crise em que se encontra o vizinho, desde que o país aceite a ajuda internacional, algo que Mesa vinha rechaçando.

O chanceler brasileiro, Celso Amorim, afirmou durante uma visita à República Dominicana que está preparado para ajudar, ''junto com outros países latinos''. Mas ressaltou:

- La Paz precisa pedir essa ajuda.

A Bolívia possui a segunda maior reserva de gás da América Latina e se transformou em um peça importante da política energética da região, devido aos problemas de abastecimento que atingem a Argentina e que repercutiram no Brasil, no Chile e no Uruguai.

O Brasil compra 80% das exportações de gás natural da Bolívia, e a Argentina precisa do combustível para manter o ritmo atual de crescimento da sua economia.

O Chile, por outro lado, importa gás natural da Argentina.

Em meio à nova convulsão social na Bolívia, o líder oposicionista Evo Morales, que havia exigido a renúncia de Mesa e que se reuniu com líderes sul-americanos, apresenta-se como o candidato favorito para vencer eventuais eleições presidenciais.