Título: Bush promete ajuda à África
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Fonte: Jornal do Brasil, 08/06/2005, Internacional, p. A14

WASHINGTON - O presidente americano, George Bush, prometeu trabalhar com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, com quem se reuniu ontem na Casa Branca, para perdoar a dívida de países africanos. No entanto, divergiu do premier ao defender a posição de Washington no que diz respeito ao aquecimento global - seu governo se negou a ratificar o Protocolo de Kyoto -, tema que vem gerando tensão entre os aliados.

- Em relação à mudança climática, sempre disse que esta é uma questão séria e que precisa ser negociada a longo prazo - disse o presidente, que em seguida se esquivou do pedido de Blair para que promova ações específicas: - Queremos saber mais sobre isso - respondeu.

Sobre a assistência à África, o presidente americano anunciou uma ajuda adicional de US$ 674 milhões à Eritréia e à Etiópia, países hoje duramente assolados pela fome, e disse que o tema é prioridade de seu governo.

- Estou satisfeito com o progresso que estamos alcançando na negociação do plano de assistência à África - afirmou Blair.

No entanto, em relação ao perdão da dívida, Bush destacou que os países devem se qualificar primeiro:

- Ninguém quer dar dinheiro a um país que é corrupto, onde os líderes pegam o dinheiro e o colocam no bolso - ressaltou.

O governante americano quer que o perdão seja aplicado apenas aos países que se comprometam com a democracia e o livre-mercado.

O encontro de ontem, em Washington, foi o primeiro entre os dois governantes desde que o premier britânico iniciou seu terceiro mandato, em maio.

As conversações fazem parte de um esforço diplomático do premier para conseguir que os líderes do G-8 - composto pelas sete nações mais ricas do mundo e a Rússia - se comprometam a dobrar a ajuda ao continente para US$ 50 bilhões até 2015. O plano, delineado pela comissão para a África, liderada pela Grã-Bretanha, também faz um apelo aos países ocidentais para que reduzam as barreiras aos produtos africanos.

Blair deve levar tanto a questão do aquecimento global quanto a do perdão da dívida de países africanos ao encontro do G-8 , que será celebrado no mês que vem, na Escócia.

O apoio incondicional do premier a Bush durante a guerra do Iraque suscitou críticas sobre sua capacidade de influência, já que, aparentemente, obteve pouco em troca do governo americano.