Título: Campanha por quebra de sigilo bancário
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 09/06/2005, País, p. A4

Parlamentares de esquerda de diversos partidos lançaram ontem a campanha ''Quem não deve, não teme'', que defende que todos os políticos apóiem a quebra dos próprios sigilos bancário, telefônico e fiscal. A lista de assinaturas será entregue ao procurador-geral da República, Cláudio Fontelles. A iniciativa do documento partiu dos parlamentares do PSOL. Segundo o partido, deputados do PT, PSB, PV e PCdoB também já demonstraram apoio à coleta de assinaturas. O PSOL distribuiu uma nota na tarde de ontem:

- Esse gesto demonstra o empenho político da bancada do PSOL no sentido de facilitar as investigações das denúncias sobre os Correios e a compra de parlamentares.

O PP, um dos partidos acusados pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de receber uma mesada do PT para votar com o governo, também não vê dificuldades em abrir os sigilos de seus deputados. Alerta, contudo, que o partido só fará isso se as investigações caminharem neste sentido ou se o presidente da Casa, Severino Cavalcanti (PP-PE) assim o solicitar.

- Se isto acontecer, não teremos problema em abrir os sigilos de 100% da bancada - afirmou José Janene, líder do PP na Câmara.

O PL, que também foi envolvido por Jefferson no esquema de mensalão do Congresso, segue na mesma linha do PP. Se Severino Cavalcanti determinar que todos os deputados têm que abrir seus sigilos para que não pairem dúvidas sobre a idoneidade do Parlamento, os liberais concordam.

Caso contrário, o líder do partido na Câmara, Sandro Mabel (GO), considera a quebra de sigilo uma jogada de marketing.

- Não vamos assinar um requerimento, uma lista, só para fazer farofa ou aparecer - criticou Mabel.