Título: Começa processo contra deputado
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 09/06/2005, País, p. A4

O Conselho de Ética da Câmara instaurou ontem processo de cassação de mandato contra o deputado Roberto Jefferson (RJ), presidente do PTB. A ação tem como base uma representação do PL, que acusa Jefferson de ter quebrado o decoro parlamentar. A Corregedoria da Câmara também iniciou a sindicância para apurar as denúncias feitas por Jefferson, de pagamento de mesada a deputados, e acertou para a próxima terça-feira o depoimento do petebista, que será tomado em seu apartamento em Brasília e terá caráter sigiloso.

No mesmo momento em que a sindicância começava, Roberto Jefferson, trancado em seu apartamento na Quadra 302 Norte, em Brasília, se distraía cantando óperas tradicionais italianas, entre elas ''Con te partirò'', ''Torna a Surriento'' e ''Cuore ingrato''. Jefferson não apareceu em público. Apenas recebeu a visita do líder do PTB na Câmara, José Múcio e do seu advogado, Itapuã Messias. Ambos afirmaram que o deputado tem muito a dizer e vai falar tudo no Conselho de Ética, na CPI e no Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), prometeu isenção, apesar do investigado ser um de seus colegas de legenda.

- Está claro que houve um erro da mesa diretora ao encaminhar a sindicância. Já procurei o corregedor e o Severino para esclarecer, mas não há o que se discutir. Esta história vai correr diretamente com a gente - disse.

Hoje, os integrantes do Conselho se reúnem às 10h para traçar as primeiras ações. Uma delas é ouvir o deputado Roberto Jefferson sobre as possíveis mesadas do governo a deputados em troca de apoio político.

- Não existe data definida, provavelmente vamos convidá-lo a depor na próxima semana - afirmou Izar ao lembrar que Jefferson pode recusar e agendar uma data que lhe for conveniente.

Parlamentares acusados de participar do esquema também poderão ser ouvidos. O deputado Miro Teixeira (PT-RJ) é um deles. O presidente do Conselho de Ética disse que quer ouvi-lo para esclarecer alguns pontos ainda obscuros das denúncias.

- Não vamos poupar ninguém. Todos os citados serão ouvidos - afirma Izar.

A comissão terá prazo de 20 sessões para ser concluída, contadas a partir da reunião de hoje. O período, segundo Ricardo Izar, corresponde a 40 dias. Mas em função do recesso parlamentar de julho, essa data deve ser estendida. Em seguida, o plenário da Casa terá o prazo de 90 dias para julgar o caso.

Com Folhapress