Título: Cúpula do PP dá ultimato a Benedito
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 09/06/2005, Brasília, p. D3

Benedito Domingos mal teve tempo de comemorar a vitória do Tribunal Regional Eleitoral, que na última sexta-feira o reconheceu como legítimo presidente do PP-DF, eleito pelo diretório regional em 31 de abril em substituição ao senador Valmir Amaral. Na noite de terça-feira, a Executiva Nacional se reuniu na sala da presidência da legenda no Congresso e pediu que o ex-vice-governador devolvesse a cadeira ao recém-desembarcado na legenda. O prazo dado para exonerar seus aliados do diretório e evitar uma segunda intervenção expira na próxima segunda-feira. Benedito, no entanto, quer usar o prazo para avaliar uma saída alternativa. O presidente nacional da legenda, deputado federal Pedro Correia (PE), esteve no encontro. De acordo com proposta apresentada por José Janene (PR), tesoureiro da executiva, Valmir Amaral e Benedito teriam direito, cada um, a indicar sete membros para a comissão regional provisória. O secretário de Relações Institucionais, Wigberto Tartuce, e o ex-senador Jofran Frejat teriam assentos cativos. A 17º integrante seria a chefe de gabinete da liderança do PP, Cristina Queiroz. Pressionado pela Executiva, que vê com bons olhos a permanência de Valmir Amaral dirigindo a legenda no DF e aprovou por unanimidade a proposta, Benedito acabou vencido.

- Ficar guerreando a vida inteira não dá. Quero harmonia. Mas não posso dissolver um diretório regional com registro reconhecido pelo TRE assim. Tenho que explicar aos integrantes eleitos o que aconteceu. Farei o possível para marcar um encontro ainda esta semana para encontrar um entendimento - disse Benedito. Ele descarta a hipótese de deixar a legenda.

Anteontem, Valmir Amaral entregou uma carta a Corrêa pedindo que resolvesse o conflito regional, que começou no dia 18 de maio, quando a nova composição que trazia o senador no comando e outros 11 integrantes indicados por ele foi protocolada no TRE, corroborada pelo comando nacional. Benedito ficou irritado ao ser rebaixado a vice-presidente e, no mesmo dia, deu entrada no tribunal com os documentos que comprovam a eleição do dia 31. A eleição teria sido feita à revelia do comando regional. O ex-vice de Roriz, no entanto, rebate, afirmando que nada disso está no estatuto da legenda.

- Benedito surpreendeu ao registrar uma convenção que não foi autorizada pela direção nacional. Mas decidimos dar uma segunda oportunidade a ele para resolver a questão - disse Janene.

A briga agora promete se alongar no TRE, onde ainda cabem recursos e julgamento de méritos. A maior disputa será contra o tempo, pois os candidatos às eleições a 2006 têm até o início de outubro para acertar as filiações.