Título: Anulada prova de concurso para agente
Autor: Soraia Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 09/06/2005, Brasília, p. D8

O Ministério da Justiça anulou, ontem, a prova do concurso para agente penitenciário federal realizado no dia 22 do mês passado. A Secretaria Executiva decidiu cancelar a prova, por entender que ouve quebra de sigilo, com a tentativa de fraude que culminou na prisão de candidatos e integrantes da quadrilha supostamente liderada pelo técnico judiciário Hélio Garcia Ortiz. A nova prova será realizada no dia 17 de julho, mas as inscrições iniciais serão mantidas e não haverá necessidade de novas providências. A Polícia Federal participará de todo o processo desde a elaboração até a distribuição das provas, para evitar novos problemas. Agentes disfarçados serão infiltrados nas salas para identificar possíveis fraudadores. A ordem é prender quem tentar burlar a segurança. São 51 mil inscritos concorrendo às 68 vagas.

A investigação sobre a máfia dos concursos está sendo coordenada pela Polícia Civil do Distrito Federal, que começou a investigar a atuação da máfia dos concursos a partir de denúncias sobre irregularidades na prova para agente de polícia, realizada em outubro do ano passado. A Polícia Federal foi acionada em abril deste ano, quando apareceram suspeitas de que a quadrilha atuaria no concurso para agente penitenciário federal, que foi anulado.

- Toda a investigação e a análise ficou a cargo da Polícia do Distrito Federal. Ajudamos apenas na prisão de algumas pessoas no final - afirmou Daniel Sampaio, superintendente regional da Polícia Federal.

O delegado Miguel Lucena, diretor de Comunicação da Polícia Civil do DF, afirmou que ao menos 50% das informações ainda não foram arquivadas e estão apenas ''na cabeça dos agentes''. Mesmo com a mudança de jurisdição do inquérito, que foi encaminhado, esta semana, para a Justiça Federal, as investigações dos concursos do Distrito Federal continuarão a cargo da Polícia Civil.

- Metade das informações estão apenas na cabeça dos nossos agentes. É por isso que fazemos curso de memorização - garantiu Lucena, acrescentando que a Polícia Federal cuidará apenas das investigações de fraudes em concursos nacionais de âmbito federal.

Lucena acrescentou que o inquérito sobre as irregularidades no concurso do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, realizado em 2003, já foi separado dos demais. Em seus depoimentos, Hélio Ortiz confessou ter fraudado vestibulares de quatro faculdades particulares do DF e dez concursos públicos em vários estados.