Título: Produção industrial estagnada
Autor: Mariana Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 08/06/2005, Economia & Negócios, p. A21
As exportações foram mais uma vez um bom aliado do governo. Em abril, o desempenho das vendas externas evitou um resultado negativo na produção industrial, que cravou estabilidade frente a março. ¿ Umas das grandes surpresas da economia, passados os primeiros meses do ano, é que as exportações seguem como a principal fonte de dinamismo. É a demanda externa ajudando a sustentar a economia ¿ avalia o sócio da MCM Consultoria, Celso Toledo, que previa queda de 0,7%.
A avaliação é devido ao desempenho positivo da fabricação de material eletrônico e equipamentos de comunicações (4,9%) e de veículos automotores (3,2%). Isso porque carros e celulares têm parte significativa da produção voltada para o mercado externo.
Com o avanço das exportações, nos primeiros quatro meses do ano, a produção de bens duráveis (veículos e celulares) acumula avanço de 13,5%, enquanto os bens não-duráveis ¿ mais consumidos no mercado interno ¿ ficaram no meio do caminho, com expansão de 6,2%. Na comparação mensal, o desempenho foi estável em ambas categorias, com leve declínio de 0,3%.
Segundo o chefe da Coordenação de Indústria do IBGE, Sílvio Sales, esperava-se que os não-duráveis tivessem um resultado melhor em 2005 graças à melhora do mercado de trabalho. No final do ano passado, eles esboçaram uma recuperação, que não se repetiu no início deste ano.
Surpresa positiva auferida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi a indústria extrativa, que cresceu 7,4% em abril, impulsionada pela volta do funcionamento das plataformas da Petrobras. O resultado, segundo Celso Toledo, também ajudou a salvar o desempenho da indústria, uma vez que na comparação mensal, a indústria de transformação sofreu recuo de 0,5% ante março.
¿ A contribuição da indústria extrativa é significativa quando observamos que saímos de um patamar de expansão de 2%, em média, para o nível atual ¿ reforça o analista da consultoria Tendências, Guilherme Maia.
Em abril, as principais pressões negativas vieram de dois ramos de não-duráveis: farmacêutica (-6,2%) e bebidas (-5,1%). Também prejudicaram o desempenho da produção os setores de máquinas e equipamentos (-4%) e produtos de metal (-4,7%).
Entre as categorias, apenas a produção de bens intermediários (como aço) registrou expansão (1,3%). Entretanto, segundo frisa o IBGE, o avanço não foi capaz de compensar o resultado negativo do primeiro bimestre do ano (-3%) no item. Bens de capital (máquinas e equipamentos) caíram 2,9%, revertendo crescimento de 3,9% de março, o que indica novo freio nos investimentos. No quadrimestre, as categorias acumulam expansão de 2,1% e 2,8%, respectivamente. O efeito dos juros foi fundamental para o efeito sobre a última.