Título: PFL pede proteção para Jefferson
Autor: Luiz Orlando Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 10/06/2005, País, p. A4

O PFL protocolou ontem, na Procuradoria da República da 1ª Região, uma queixa-crime contra o tesoureiro do PT, Delúbio Soares. O petista foi acusado pelo presidente nacional do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), de pagar uma propina, chamada de mensalão, a deputados do PP e do PL. Os pefelistas também apresentaram na presidência da Câmara um requerimento solicitando proteção policial a Jefferson, que vai depor na semana que vem na Corregedoria e no Conselho de Ética da Casa.

- É preciso garantir a integridade do deputado, já que em seus próximos depoimentos ele deve repetir o que falou à imprensa e pode trazer ainda novas denúncias - justificou o líder pefelista, Rodrigo Maia.

As ações do partido foram definidas na reunião da Executiva do PFL realizada ontem pela manhã.

O prefeito do Rio, César Maia, participou da reunião e não acha que existam motivos suficientes para se falar em impeachment do presidente Lula. Ele lembrou que toda essa investigação e esse debate deveria ter acontecido ano passado, quando o Jornal do Brasil publicou a primeira matéria sobre o assunto.

- Até entendo a situação do deputado Miro Teixeira (PT-RJ), que se preocupou, como advogado que é, com os aspectos formais. Mas somos agentes políticos, devemos dar andamento às informações que recebemos - alegou o prefeito carioca.

Em março, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Cesar Maia também denunciou o suposto esquema de pagamento de mesadas a deputados. Segundo ele, em visitas a Brasília para encontros políticos, diversos parlamentares, do PFL e de outros partidos, relataram a ele a existência do esquema. Um deles, inclusive, chegou a dizer que presenciou, em uma restaurante de Brasília, deputados recebendo envelopes, que poderiam estar associados ao mensalão.

- Vou conversar com estes deputados e pedir autorização para revelar os nomes. Evidentemente, só poderei fazer isso se for devidamente autorizado - declarou Maia.

Após entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, em março, Cesar Maia foi pressionado por parlamentares, inclusive do PT, a expor os nomes dos envolvidos no esquema de propina, mas não o fez.