Título: Brasilienses sofrem com paralisações
Autor: Bruno Arruda
Fonte: Jornal do Brasil, 03/06/2005, Brasília, p. D8

As filas de pensionistas formadas diante dos postos fechados do INSS foram a ponta visível do iceberg da greve geral dos servidores públicos federais iniciada ontem. No DF, hoje, cerca de 3.200 servidores públicos estão de braços cruzados. Além dos funcionários das áreas de cultura e agricultura, que já estavam em paralisação, suspenderam também as atividades os funcionários da Advocacia Geral da União (AGU) e da Funai. O Incra tem greve marcada para segunda-feira, o Ibama acompanha a partir do dia 13, os servidores do Banco Central vão apresentar pauta de reivindicações na terça-feira e a Funasa está em processo avançado de mobilização. No primeiro dia da manifestação nacional, no entanto, os holofotes mantiveram-se voltados para a greve dos previdenciários, que acabou virando o tema de entrevista concedida pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, após reunião com líderes sindicais ligados à CUT.

- As agências do INSS atendem a um número muito elevado de pessoas, precisamos resolver a situação rapidamente - admitiu Paulo Bernardo.

Segundo estimativa da Federação Nacional dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social, o ministro do Planejamento se referia às aproximadamente 1.300 pessoas que não serão atendidas por dia enquanto durar a greve do INSS. Os previdenciários reivindicam a integralização dos planos de cargos e carreiras, a regulamentação da carga horária de 30 horas e o incremento de R$ 250 na gratificação fixa que os servidores já recebem, além das reivindicações constantes na pauta conjunta dos servidores públicos federais.

O governo argumenta que existem outras prioridades, em face das limitações orçamentárias. Os servidores do INSS receberam ontem a terceira parcela do reajuste de 47,11% negociado em 2003. A quarta e última será paga em dezembro.

- Queremos continuar conversando, mas é preciso considerar o que tem sido feito e negociar de forma unificada. Isso quer dizer que precisamos atender às categorias ainda não atendidas antes de voltar a negociar - tentou apaziguar o ministro.

Ele garantiu aos sindicalistas, no encontro de ontem, que vai marcar para os próximos dias uma reunião da Mesa Nacional de Negociação Permanente - criada em 2003, com a presença de sete ministros e de representantes dos servidores públicos das diversas categorias, como canal permanente de interlocução.