Título: Major se entrega à polícia
Autor: Adriana Bernardes
Fonte: Jornal do Brasil, 03/06/2005, Brasília, p. D8

O major Bonaldo Barbosa, apontado pela Polícia Civil com um dos principais integrantes da quadrilha que fraudava concursos públicos em todo o País, se entregou ontem, por volta das 17h, no Comando da Polícia Militar de Goiás. O major Bonaldo era, até a descoberta do escândalo, secretário de Educação do município goiano de Valparaíso. Assim que foi comunicada, a Polícia Civil do DF encaminhou ofício ao Comando da Polícia Militar de Goiás requisitando a presença do major na Divisão de Crime Organizado para prestar depoimento.

De acordo com o diretor de Comunicação da Polícia Civil, delegado Miguel Lucena, isso deve acontecer em, no máximo, em três dias. Na quadrilha, a função do major era a de recrutar candidatos a concursos públicos.

Outro suspeito de integrar a máfia dos concursos, o fiscal tributário André Artur Ferreira de Almeida, começou a ser ouvido ontem. Mas assim que a polícia iniciou a qualificação (momento em que os policiais perguntam nome completo do preso e filiação), Almeida sentiu-se mal e foi levado ao hospital. O depoimento deve ser retomado hoje.

Miguel Lucena informou que, nos próximos três dias, os policiais que investigam o caso devem se dedicar à análise dos documentos apreendidos e dos depoimentos colhidos até agora.

No total, 106 pessoas foram indiciadas, acusadas de estelionato. Deste total, 29 devem responder também pelo crime de formação de quadrilha. A quebra do sigilo bancário e fiscal dos acusados já foi solicitada e, segundo a polícia, todos os bens comprovadamente adquiridos de forma ilícita serão confiscados.

OAB - A presidente da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal (OAB-DF), Estefânia Viveiros, criticou, ontem, a atuação da polícia durante as operações.

Ao discursar no evento de comemoração do 45º aniversário da instituição em Brasília, ela classificou como ''espetáculo pirotécnico'' as diversas operações desencadeadas pela polícia nos últimos meses. Para ela, tais ações têm sido caracterizadas por graves violações aos direitos dos cidadãos e às prerrogativas dos advogados. Ela defendeu que por isso, tais ações mereceriam veemente repúdio da OAB.

Entre as operações, a presidente da OAB citou a que foi desencadeada para desbaratar a quadrilha que fraudava concursos públicos.

- Todos os supostos envolvidos nas fraudes, direta ou indiretamente, inocentes ou culpados, receberam o mesmo tratamento e passaram pelas mesmas humilhações. No noticiário todos aparecem presos e algemados. No dia seguinte, todos estavam estampados nas primeiras páginas dos jornais - afirmou Stefânia.