Título: Diretoria diz que fez contratação
Autor: Hugo Marques e Nelson Carlos de Souza
Fonte: Jornal do Brasil, 12/06/2005, País, p. A4

Agente de telecomunicações aposentado, o presidente do Sindipol, Maciel Filho, acompanha o trabalho dos colegas na PF, encarregados da parte mais sensível da corporação - as inteceptações telefônicas autorizadas pela Justiça Federal. Maciel acredita que no governo anterior não se fazia 20% das interceptações e investigações que ser faz no atual governo, com as mesmas equipes.

A direção da Polícia Federal diz que o governo de Lula já contratou 3 mil novos policiais, aumentando o efetivo para 8,5 mil. Foram admitidos 1,6 mil funcionários administrativos e outros 800 que passaram no concurso devem ser chamados. A grande maioria dos novos policiais, no entanto, começou a trabalhar no ano passado.

Eles passam por cursos na Academia Nacional de Polícia antes de participar de investigações. O governo atual também investiu em qualificação profissional e em novos equipamentos, incluindo 850 viaturas. O governo Lula criou nova sede do Instituto Nacional de Criminalística, encarregado de perícias, e o moderno Sistema Automatizado de Identificação por Impressões Digitais (Afis), um banco de dados criminais de todo o país.

A PF informa ainda que o orçamento da corporação cresceu. No ano passado, foram quase R$ 400 milhões investidos no combate ao crime organizado. Para este ano, estão reservados R$ 500 milhões. Quanto ao suposto uso político da PF pelo governo, a direção informa que é normal governos divulgarem a parte boa, mas que não existe a interferência política para abafar investigações. Se o governo quer pressa para investigar o caso dos Correios, tudo bem, dizem estes delegados. Mas fica avisado que ninguém do governo será preservado.

- Investigar os Correios é positivo para o governo? E se aparecer alguém do PT nesta investigação dos Correios? - pergunta um delegado da cúpula da PF.

O diretor-Geral a PF, delegado Paulo Lacerda, tem dito a amigos que o presidente Lula nunca o procurou diretamente para qualquer tipo de pedido ou repreensão. Isso não acontecia no governo anterior, quando o chefe da PF tinha de retirar documento de inquérito - como ocorreu na investigação do Dossiê Caymann. (H.M.)