Título: BR resiste a alívio para Varig
Autor: Ricardo Rego Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 12/06/2005, Economia & negócios, p. A23

A próxima reunião do Conselho Administrativo da Petrobras Distribuidora (BR), prevista para sexta-feira, poderá definir o futuro da Varig. Na ocasião, o comando da estatal poderá receber a senha, que tanto espera a companhia aérea, para dilatar o prazo de pagamento do combustível necessário para movimentar as aeronaves. A intenção da Varig é conseguir ampliar esse prazo dos atuais dez dias para algo em torno de 15 dias. O problema é que o esforço esbarra, desde 2003, na resistência do presidente da BR, Rodolpho Landim, que continua irredutível em sua disposição de zelar pelas contas da subsidiária da Petrobras. Embora o presidente do conselho da Varig, David Zylbersztajn, tenha conseguido dobrar a resistência de boa parte do primeiro escalão do governo, a diretoria da BR não recebeu nenhuma orientação do Planalto na última reunião do Conselho da Petrobras, semana passada. De qualquer maneira, a companhia conseguiu dilatar para 15 dias o prazo de pagamento das taxas aeroportuárias cobradas pela Infraero - que exigia pagamento diário de R$ 1,3 milhão.

Embora o Banco do Brasil não confirme, internamente comenta-se que a Varig teria conseguido renegociar a reabertura de dois terços do crédito total da empresa com a instituição. O BB não se pronuncia sobre o assunto, sob alegação de sigilo bancário do cliente. O saneamento do passivo financeiro da Varig, pelo raciocínio de seus executivos, tornaria a empresa novamente competitiva. Ela só sobreviveria com uma capitalização, o que só será viável se for possível reduzir o passivo.

Com a BR, a empresa mantém uma dívida de R$ 40 milhões, referente a um crédito rotativo disponível na distribuidora. Outra parcela, de R$ 53 milhões, renegociada em 2003, deverá ser quitada até maio do próximo ano. Até lá, a Varig terá que pagar dez parcelas de R$ 6 milhões. Por enquanto, a única hipótese de alívio para a companhia aérea admitida por Landim - e mesmo assim internamente - é de uma renegociação dos prazos de pagamento da Varig depois de quitada essa parte do passivo. A não ser em caso de nova orientação do governo.