Título: Crise política pode paralisar o Brasil
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 11/06/2005, País, p. A3

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, reconheceu ontem em Londres que a atual crise política e a criação da CPI dos Correios podem ter impacto sobre a economia. Palocci demonstrou também preocupação com o risco de que a crise atual paralise as ações sociais do Governo Lula. - Todo processo político, que não se ordenar, causa um impacto na economia e no país como um todo. Mas sou daqueles que confiam fortemente nas instituições brasileiras, o Congresso Nacional, os tribunais de Justiça e a Promotoria, para fazer com que essas tensões se dirijam em seguida para as instâncias adequadas de forma que o Brasil tenha esclarecimento sobre questões polêmicas levantadas nesse período - disse.

Na visão do ministro, é preciso que sejam tomadas providências para investigar as denúncias, mas sem que sejam paralisadas a pauta do Legislativo e as reformas.

Palocci ressaltou ainda que o Brasil tem que resolver questões importantes no campo da defesa da concorrência, da abertura do mercado de seguros e da melhoria dos marcos regulatórios. O ministro disse que conversou com o presidente do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti. Eles teriam lhe assegurado que a pauta não será paralisada.

Ao ser perguntado se havia deixado o Brasil tranqüilo, mesmo em meio às acusações de corrupção em estatais, Palocci preferiu destacar os bons indicadores econômicos do país, em especial os dados de inflação divulgados nesta sexta-feira (o IPCA, que baliza as metas de inflação do governo, subiu 0,49% em maio, abaixo das expectativas).

- Não existe país democrático que não tenha uma crise política ou acusações de irregularidades. O mais importante é que instituições sólidas e maduras possam cuidar desse problema, para evitar que interfiram nos projetos sociais e econômicos - disse.

Quanto às acusações de que o governo estaria ''abrindo o cofre'' para ter o apoio de parlamentares, Palocci disse que a liberação de verbas é um recurso previsto no orçamento:

- De forma nenhuma vamos alterar os projetos de investimento no Brasil em nome de eventuais conflitos políticos - enfatizou.

Enquanto, em Londres, para participar como convidado de uma reunião com ministros da Economia do G-8, Palocci esquivava-se das perguntas referentes à turbulência política do Brasil, o Planalto negava, por meio de nota oficial, que haverá troca no comando do Banco Central, apesar de todas as evidências. Segundo a Secretaria de Imprensa da Presidência da República, as notícias veiculadas sobre a saída do presidente do BC, Henrique Meirelles, são infundadas. De acordo com a nota, Meirelles ''permanece em suas atuais funções, que vem exercendo com competência e espírito público.''