Título: Governo e oposição insistem na briga pelo relator da CPI
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 11/06/2005, País, p. A4

Não há perspectiva de acordo entre governo e oposição para a escolha do presidente e do relator da CPI dos Correios e a questão deve ser resolvida através do voto na próxima terça-feira. Como é maioria na comissão, a base aliada deve ficar com os dois postos, controlando a condução dos trabalhos. Arcaria, no entanto, com a imagem de temer investigações. O impasse gira em torno do nome escolhido pela oposição para a presidência da CPI, o senador César Borges (PFL-BA). O governo não aceita a indicação, alegando que significaria dar o controle ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que tem dado trabalho ao Planalto na presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

A oposição ameaça obstruir a votação da medida provisória que cria a Superintendência Nacional de Previdência Complementar, que fiscalizará as entidades fechadas de previdência complementar. O prazo para a votação dessa matéria acaba na terça-feira e, se isso não for feito, ela perderá a validade.

O PFL já era contra essa MP, mas diz agora que se o governo for flexível na CPI facilitará a votação da matéria.

- Há dificuldades na bancada com essa medida provisória e a truculência na CPI será um complicador - disse o líder do PFL, senador José Agripino.

As duas partes continuavam irredutíveis hoje.

- Vamos buscar o acordo até a exaustão, mas está difícil porque os dois lados estão radicalizando - afirmou o líder do PMDB, senador Ney Suassuna.

Os governistas acusam a oposição de intransigência, enquanto PSDB e PFL consideram a atitude do governo autoritária. Na reunião convocada em meio à instalação da CPI, ontem, para se tentar um acordo, tucanos e pefelistas foram irônicos. Aceitaram que o governo escolhesse o nome da oposição desde que fizessem o mesmo com a base aliada.

A oposição propôs o nome de Eduardo Suplicy (PT-SP), que tem apoiado todas as CPIs propostas, contrariando a orientação do governo. Os partidos da base aliada queriam que a oposição indicasse o senador Edison Lobão (PFL-MA), que é do grupo do senador José Sarney (PMDB-AP). Além de ser aliado do governo, Lobão possuía duas diretorias do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), que eram acumuladas por Carlos Murilo Goulart Barbosa Lima. Ele foi afastado com os demais diretores nesta semana.

O governo tenta agora convencer a oposição a indicar o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE). Ao mesmo tempo em que definiu rapidamente quem seria apropriado para representar a oposição na CPI, o governo teve dificuldades em escolher seus próprios nomes. As indicações do líder do PT, senador Delcídio Amaral (MS), e do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para disputarem as vagas de presidente e relator foram definidas nos últimos momentos.