Título: Brasil ajudará em pleito
Autor: Sheila Machado
Fonte: Jornal do Brasil, 11/06/2005, Internacional, p. A7

O assessor especial da presidência do Brasil, Marco Aurélio Garcia, conversou ontem por telefone com o novo presidente da Bolívia, Eduardo Rodríguez, e disse que Brasília pode ajudá-lo a organizar eleições gerais - a principal missão do ex-presidente da Corte Suprema.

- Eu o felicitei pelo fato de os bolivianos terem encontrado uma saída pacífica para a crise - contou.

À tarde, foi a vez do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviar mensagem a Rodríguez, desejando-lhe, em nome do povo brasileiro, ''felicidade e êxito''.

''Neste momento de transição, Rodríguez saberá conduzir a Bolívia com equilíbrio e sabedoria para que sejam atendidos os justos anseios de seu povo por desenvolvimento democrático e inclusão social'', diz o texto.

Garcia explicou ainda de que maneira o governo pode, se solicitado, auxiliar no crucial processo eleitoral:

- O Brasil tem mais de 110 milhões de eleitores, temos um moderno sistema votação e de computação. Se a experiência institucional e a organização da justiça eleitoral brasileira interessar aos bolivianos, podemos cooperar, como já fizemos com outros países.

Contudo, o assessor ressaltou que o apoio deve ser decorrente de uma ''demanda do novo governo''.

Na opinião de Garcia, que foi enviado à Bolívia, a nação andina está mais tranqüila após as renúncias do ex-presidente Mesa, e dos presidentes do Senado, Hormando Vaca Diez e da Câmara, Marío Cossío, votadas ontem em sessão no Congresso.

- As eleições têm que ser um momento de aferição nacional das vontades políticas do país - defende.

O embaixador brasileiro em La Paz, Carmelito Melo, lembrou, por sua vez, que o Brasil acompanhou a evolução dos fatos sem interferir.

- A questão fundamental é ver onde o poder no país vai ficar, se no Congresso ou se nas ruas, com as minorias radicais. Esse é o desafio para os próximos dias - afirma.

Estados Unidos e OEA também ressaltaram o caráter da mudança no altiplano. José Miguel Insulza, secretário-geral da OEA, e a Casa Branca se disseram satisfeitos pela ''solução constitucional'' obtida.