Título: Disputa deve terminar no voto
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 14/06/2005, Brasil, p. A7
A bancada governista e a oposição elegem hoje o presidente e o relator da CPI dos Correios. Ontem, aliados ao governo procuraram lideranças do PSDB e do PFL para costurar um acordo que garanta a cada um dos lados o direito de nomear um dos postos-chave. Até o fim da noite, o acerto não tinha saído. Com isso, a tendência é que a definição seja no voto.
A oposição insiste na indicação do senador César Borges (PFL-BA) para um dos postos. Líderes do governo não aceitam. Acusam-no de ser pau-mandado do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que abandonou as hostes palacianas para engrossar o coro de críticas à gestão de Lula. Querem um oposicionista mais independente.
Ontem à tarde, os nomes do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) e do senador Jefferson Peres (PDT-AM) foram discutidos em reunião no gabinete do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), mas o martelo não foi batido. Líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM) disse que o governo erra ao sugerir um tucano para um dos postos capitais. Beira ainda a ingenuidade ao achar que rachará a oposição rifando o pefelista.
- A oposição do governo a César Borges não é leal. Não vamos cair neste canto de sereia - declarou Virgílio.
A tropa de choque palaciana tem 19 dos 32 integrantes da comissão e, assim, as condições para indicar os dois cargos. Um líder de partido aliado defendeu esse desfecho para o caso. Não foi ouvido e acusou os colegas de covardia.
- É fundamental o acordo. Não é fácil, mas, se isso não acontecer, a disputa será pelo voto, que sem sempre é a melhor solução - afirmou o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
A primeira tentativa de garantir o início dos trabalhos da CPI dos Correios aconteceu na última quinta-feira. Na ocasião, a oposição disse que, se ficasse sem a relatoria ou a presidência, a CPI estaria desacreditada. Diante do impasse, a escolha foi adiada para hoje.
Virgílio acrescentou que para a oposição seria melhor o governo levar a questão a voto, ficando com os dois postos-chave. Passaria à opinião pública a idéia de que pretende abafar a investigação. Para o líder do PT no Senado, Delcidio Amaral, a divisão dos cargos é a melhor solução, desde que os dois lados aprovem o nome do relator e do presidente. Caso o acordo não saia, Amaral será apresentado candidato à presidência e o Osmar Serraglio (PMDB-PR) à relatoria.