Título: Peru vira alternativa à Bolívia
Autor: Ricardo Rego Monteiro e Marina Ramalho
Fonte: Jornal do Brasil, 14/06/2005, Economia & Negócios, p. A19
Brasil, Argentina e Chile estão de olho no gás do país
Um novo gasoduto, dessa vez trazendo gás do Peru, pode ser uma das soluções apontadas pelo governo para superar a dependência brasileira ao gás boliviano. Ontem, a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, firmou um acordo com os ministros congêneres da Argentina, Chile, Uruguai e Peru para a construção de um gasoduto de integração regional e escoamento da produção de gás natural do Peru. Estimado em US$ 2,5 bilhões, o projeto de iniciativa da Argentina e do Chile, deverá permitir a exportação de aproximadamente 30 milhões ou 35 milhões de metros cúbicos de gás por dia do Peru para o Chile e os outros países envolvidos nas discussões.
Hoje o Brasil importa cerca de 24 milhões de metros cúbicos de gás da Bolívia. Com o aumento da capacidade na Argentina, o projeto garantiria o fornecimento ao Brasil e Uruguai. O Brasil receberia do Peru entre 5 milhões e 7 milhões de metros cúbicos por dia, de acordo com a assessoria da ministra.
Ao ligar o Peru e o Chile, o gasoduto faria com que a Argentina, hoje exportadora de gás para o Chile, passasse a importar o combustível peruano via território chileno. Os estudos prevêem que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) dê assistência técnica e financeira à construção do anel sul-americano de gasodutos.
Além de contribuir para a integração energética na região, o Brasil está interessado principalmente na viabilização do gasoduto Uruguaiana-Porto Alegre, orçado em US$ 300 milhões, e que faz parte do projeto discutido em Lima. O gasoduto seria viabilizado justamente pela segurança do abastecimento de gás na Argentina, garantindo assim o fornecimento, hoje aquém do necessário, ao Brasil.