Título: Adiada criação de banco sul-americano
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 14/06/2005, Economia & Negócios, p. A21

Palocci e Lavagna discutem desequilíbrio comercial

Os governos de Brasil, Argentina e Venezuela decidiram ontem adiar a criação do banco sul-americano de fomento. A idéia de instituir um ''Banco do Sul'' - para financiar projetos de indústria e infra-estrutura, proposta em agosto de 2004 pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez - ''terá de amadurecer bastante'', como deixaram claro o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e os ministros da Economia de Argentina e Venezuela, Roberto Lavagna e Nelson Merentes, após reunião para discussão de formas alternativas de financiamento na América do Sul.

O banco preencheria a lacuna de países como a Argentina, que não possuem uma instituição de fomento, nos moldes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mas o ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, disse que ''mais do que analisar a criação de novas estruturas'' de financiamento, discutiu com seus colegas de Brasil e Venezuela ''a melhoria das estruturas que já existem''.

Lavagna e Palocci anunciaram que realizarão em breve reunião técnica para analisar medidas para atenuar os desequilíbrios comerciais entre os dois maiores países do Mercosul. Segundo eles, os mecanismos ''não são salvaguardas''.

O encontro foi o desdobramento de uma proposta feita pelo governo argentino, em setembro do ano passado, para reduzir os desequilíbrios comerciais entre os dois países. Palocci, que também se encontrou com o presidente argentino, Néstor Kirchner, disse que existe ''uma preocupação comum para estabelecer um equilíbrio no comércio''.

Ao chegar ao encontro, Palocci brincou, dizendo que poderia conversar ''sobre tudo, menos futebol'', segundo o jornal portenho Clarín. Ele se referia à partida na última quarta-feira em Buenos Aires, quando a seleção argentina derrotou a brasileira por 3 a 1.