Título: Benedito desafia cúpula do PP e espera intimação
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 14/06/2005, Brasília, p. D1

Presidente regional mantém diretório e não entrega legenda a senador

O presidente regional do PP, Benedito Domingos, aguarda para hoje uma convocação da Executiva Nacional a fim de discutir o futuro do diretório no DF. Na semana passada, durante encontro na liderança do partido no Congresso Nacional, o ex-vice-governador teria concordado em desfazer até ontem o diretório que o elegeu como presidente à revelia do comando nacional. No entanto, alegando estar impossibilitado de dissolver um diretório ''com membros eleitos'', Benedito acabou descumprindo a orientação. A nova composição está respaldada por uma decisão favorável do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas contraria os interesses dos líderes nacionais da legenda. A cúpula do PP quer ver o senador Valmir Amaral dirigindo o PP-DF, como negociado com ele. - As coisas não são tão fáceis assim, temos de resolver em um próximo encontro - afirma Benedito, confirmando que se sente pressionado pelo presidente nacional, deputado federal Pedro Corrêa. Na semana passada, o deputado federal José Janene (PR), membro da Executiva Nacional, reafirmou a hipótese de uma nova intervenção caso Benedito não devolvesse a direção do partido. A medida, no entanto, poderá ser postergada por conta do depoimento do presidente do PTB, Roberto Jefferson, na Comissão de Ética da Câmara, que deverá voltar todas as atenções na Casa hoje. Jefferson explicará denúncias de que parlamentares do PP e do PL no Congresso recebiam propina para votar favoravelmente ao governo. Aos integrantes do novo partido, Valmir Amaral tem dito que, caso não fique com a cadeira da presidência do PP-DF, deixa a legenda. Suplente do senador cassado Luiz Estevão, Amaral deixou o PMDB de olho na sucessão ao Palácio do Buriti em 2006. Antes de filiar-se ao PP, ele vinha mantendo conversas com o PTB, que poderão ser retomadas passada a instabilidade política no partido. Ao JB, no entanto, o senador nega a possibilidade de deixar a sigla. - Eu espero é um acordo. Mas vou conversar com o Pedro Corrêa para definir como resolver isso - disse Amaral. Antigos aliados de Benedito, como o secretário de Articulação do GDF, Wigberto Tartuce, apóiam Amaral - único pepista no Senado Federal - na direção do partido. No entanto, há quem acredite que por conta das divergências não há mais espaço para os dois na mesma legenda. - É preciso renovar. Benedito é meu amigo, mas a decisão nacional é superior a essa defende - disse Wigão. A disputa prossegue paralelamente no TSE, que desconsiderou o ato da Executiva Nacional que escolheu Valmir Amaral como presidente, Benedito Domingos como vice e outros 10 amigos e parentes do senador na comissão provisória estadual. Irritado com a medida, Benedito convocou uma reunião da antiga composição, onde ele tem maioria, e protocolou a eleição interna no tribunal.