Título: CPI eleva fluxo de visitantes ao DF
Autor: Adriana Bernardes
Fonte: Jornal do Brasil, 14/06/2005, Brasília, p. D3

Hotéis esperam aumentar taxa de ocupação, que pode chegar a 100%, mas restaurantes temem que políticos se retraiam A rotina em Brasília começa a mudar em função das denúncias de corrupção envolvendo parlamentares e gente do primeiro escalão do governo Federal. Uma enquete do Sindicato de hotéis, restaurantes, bares e similares de Brasília, junto ao setor, revela que a expectativa é de crescimento na taxa de ocupação entre 70% e 100% de hoje a quinta-feira, dependendo do desenrolar dos fatos. O índice normalmente oscila entre 60% e 65% durante a semana. - Eu particularmente acho precipitado afirmar que o movimento será maior. Esse tipo de escândalo é uma faca de dois gumes. Ou atrai visitantes ou esvazia a cidade - diz, cauteloso, o presidente do sindicato hoteleiro, César Gonçalves. Já o diretor da rede de hotéis do grupo Paulo Octávio, Helder Carneiro, está entre os otimistas. Segundo Carneiro sempre que os trabalhos no Congresso se intensificam, a ocupação nos hotéis ''é muito boa''. O grupo esperar ocupação de 80% a 90% entre hoje e quinta-feira nos três hotéis da rede. Por outro lado, Carneiro admite que a tensão política tem seu lado ruim. - Em períodos de tensão como este, setores do governo páram e com isso, empresários que viriam a Brasília para resolver negócios que dependem do Executivo adiam a viagem. Não dá para medir o quanto se perde com isso - diz. Entre os restaurantes, o senso comum é de que não haverá alteração significativa no número de frequentadores. O Piantella, por exemplo, um dos mais tradicionais da cidade é considerado o point gastronômico de maior concentração de políticos por metro quadrado da capital federal. Mesmo assim, o dono, Marco Aurélio Costa, acredita que se houver queda no movimento, será mínima. Segundo ele, em momento de crise como este os políticos preferem se reunir em casa para traçar as suas estratégias. - Com isso o movimento geralmente cai durante a semana, pois os encontros passam a ser reservados. No fim de semana volta tudo ao normal - acredita Costa. Mas segundo ele, nem sempre foi assim. Houve um tempo em que a política movimentava 70% da cidade. E tudo o que acontecia no Congresso ou no Executivo era motivo para preocupações. - Hoje Brasília anda sozinha. Existe um público grande de empresários, pessoas do judiciário e turistas que fazem a cidade pulsar. Hoje em dia, a política só interfere no movimento quando o governo paralisa a agenda - afirma. Impeachment - - Os descaminhos da política já criaram fatos inusitados no passado. Na época da CPI do PC Farias, criou-se o Turismo da Corrupção, com pacotex que previa visitas ao Congresso, com direito a visitar a sala de sessões da CPI, e a Casa da Dinda, residência do então presidente Fernando Collor, mais tarde submetido a impeachment e afastado.