Título: Cai invasão no Sudoeste
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Fonte: Jornal do Brasil, 14/06/2005, Brasília, p. D5
Barracões tinham até um lava-rápido e um restaurante
Cinco barracões construídos em área pública no setor de Oficinas do Sudoeste foram demolidos ontem, em mais uma operação do Sistema Integrado de Vigilância em Uso do Solo (Siv-Solo). Comerciantes das redondezas contaram que no local funcionavam um restaurante, uma marcenaria, uma serralheria e um lava-jato. Algumas pessoas trabalhavam há anos e outros teriam chegado há poucas semanas.
A invasão ficava na quadra 2, conjunto C, lote 12. No local restaram apenas ferros retorcidos e restos de madeira que catadores recolhiam para vender.
O gerente de operações do Siv-solo, Capitão Lázaro de Deus Batista, informou que os comerciantes foram notificados para deixarem o local em 30 dias, determinação que não foi cumprida.
O marceneiro Jorge Teixeira foi um dos primeiros a ocupar a área, mas não aceita o rótulo de ''invasor''. Ele conta que antes a marcenaria funcionava na garagem de sua casa no setor residencial do Cruzeiro e que, há cerca de cinco anos, foi proibido pela administração de trabalhar por causa do barulho.
- Ná época coloquei as máquinas na rua. Sou pai de família, tenho que comer e vestir e não podia pagar aluguel para montar a marcenaria portanto continuei trabalhando debaixo do sol quente. Foi quando a Administração mandou eu vir pra essa área no Sudoeste e foi o que eu fiz. Não invadi nada. Vim pra cá com autorização deles'', afirma Teixeira.
O marceneiro conta que naquela época recebeu a promessa de que quando a área fosse desocupada, seria cedido um novo local para onde pudesse se mudar.
- Mas não foi isso que aconteceu e ainda não sei o que fazer. Não posso baixar a cabeça. Tenho que arrumar uma solução para continuar trabalhando'', diz.
Outro que teve o local de trabalho demolido foi o serralheiro Dacimar Fereira Gomes. O barracão tinha sido comprado há dois anos por R$ 2,5 mil. Ele sabia que a área era invadida, mas alega não ter dinheiro para pagar aluguel.
- Os fiscais sempre vinham, mas a gente conversava com a administração e eles permitiam que continuássemos aqui. Sempre soube que um dia teríamos que sair, mas não esperava que fosse agora'', afirma.
Irregularidades - Basta atravessar a rua para encontrar outra área de ocupações irregulares. O presidente da Associação da Micro e Pequena Empresa do Cruzeiro, Octogonal e Sudoeste, José Maria Alves Ribeiro, revela que na QMS W2, Conjunto D, existem 30 lotes e 52 empresas em áreas públicas desde 1996. Ele tem uma oficina no local e diz que chegou a receber uma autorização da Administração para explorar a área em troca do pagamento de uma taxa. A licença, válida por um ano, nunca foi renovada. Os quiosques que devem ser provisórios, se transformaram em empresas e agora o grupo luta pela regularização.
- O processo já passou por todos os órgãos e a conclusão é que o problema tem que ser resolvido através da elaboração do Plano Diretor Local (PLD) -, afirma Ribeiro.