Título: Mais uma vez o ministro José Dirceu é citado pelo petebista
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 13/06/2005, País, p. A3

Mais uma vez o homem de confiança do presidente Lula, o chefe da Casa Civil, José Dirceu, é colocado no meio de denúncias de Roberto Jefferson. O petebista já havia revelado que o ministro estaria a par das mesadas pagas a parlamentares para votar projetos de interesse do Palácio. Apesar de ter negado ontem, a possibilidade de Dirceu deixar o cargo volta com vigor a Brasília. Tendo o caso Waldomiro Diniz como o pontapé inicial para sua derrocada, seguido pelos impasses com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e a dramática resolução da reforma política, a queda de Dirceu, se depender das revelações do presidente do PTB, parece estar iminente.

Caso Waldomiro Diniz O mau agouro começou a respingar no ministro José Dirceu com o escândalo de corrupção envolvendo seu ex-assessor, Waldomiro Diniz. A notícia do envolvimento do então sub-chefe da Secretaria de Coordenação Política num esquema de cobrança de propina de bicheiros para financiar campanhas eleitorais do PT, foi o primeiro escândalo de corrupção do mandato do presidente Lula, que levou a oposição à pedir uma CPI e o afastamento do ministro José Dirceu. Com a explosão do caso Waldomiro, Dirceu quis deixar o cargo, mas o presidente Lula não permitiu. Na Casa Civil, Waldomiro trabalhou com Marcelo Sereno, homem de confiança de Dirceu.

Reforma ministerial Fim de 2003, início de 2004, Dirceu é, mais uma vez, alvo de especulações. Com o sai-não-sai da reforma ministerial e, posteriormente, com a reforma a conta-gotas, Dirceu pensou de novo em se afastar do cargo. Um dos motivos: mesmo tendo recebido autorização de Lula para esboçar a reforma ministerial, a ação foi abortada pelo próprio presidente meses depois.

Impasse com Palocci Desde a posse do presidente Lula, os ministros José Dirceu e Antonio Palocci (Fazenda) começaram as trocas de farpas. O estopim para os ataques de Dirceu aos rumos econômicos dirigidos por Palocci foi a política de aumento de juros: uma das primeiras medidas do governo petista. A partir de então, o desgaste de Dirceu em relação a Palocci ficou cada vez mais evidente e freqüente. O ministro deixou claro que discorda da ortodoxia de Palocci.

¿Gerentão¿ do governo A última derrocada de Dirceu, antes da exacerbação do esquema de corrupção, foi sua mudança de conduta forçada no governo. O ministro, que atuou nas questões sociais e nas relações exteriores, sempre preferiu ficar à frente da coordenação política. Função suspensa por Lula, que o incumbiu de ser um coordenador das ações ministeriais. Ou no popular, um tipo de ¿gerentão¿.