Título: Petróleo deve superar US$ 60 ainda este ano
Autor: Sri Jegarajah
Fonte: Jornal do Brasil, 13/06/2005, Economia & Negócios, p. A18

CINGAPURA - O petróleo bruto poderá ultrapassar US$ 60 o barril este ano em vista não só da expansão da demanda por parte de China e Estados Unidos, mas dos furacões que ameaçam reduzir a produção do Golfo do México, segundo o Barclays Capital. A desaceleração do crescimento da produção petrolífera da Rússia em 2005 também levará a um claro declínio do produto fornecido pelo país em 2006, o que aumentará ainda mais as preocupações em torno do abastecimento, acrescenta a instituição, em relatório divulgado por e-mail. A possível queda se constituirá na primeira registrada nos últimos sete anos na Rússia, o segundo maior produtor mundial de petróleo, atrás apenas da Arábia Saudita. Os preços do petróleo alcançaram esta semana US$ 55,55 o barril em Nova York, aproximando-se do recorde de US$ 58,28 alcançado em abril, depois da alta dos mercados de óleo para calefação, pressionados por expectativas de alta de consumo neste inverno (de dezembro a março, no Hemisfério Norte). Uma nova leva de furacões com ocorrência prevista no Oceano Atlântico este ano poderá interromper a produção e as importações dos Estados Unidos, disse o Barclays.

''Consideramos que ficará muito difícil vender agressivamente em um mercado sob alerta quase permanente contra furacões, assistindo a retiradas de petróleo bruto dos estoques na maioria das semanas e à deterioração dos dados da produção russa e ao fortalecimento dos dados sobre a demanda da China'', analisa a Barclays no relatório.

A Yukos, no passado a maior produtora de petróleo da Rússia, prevê que a extração de suas divisões restantes cairá 20% este ano, depois da prisão de seu proprietário, Mikhail Khodorkovsky. O governo do presidente Vladimir Putin confiscou a maior divisão da empresa para recuperar impostos atrasados. ''Mesmo usando algumas hipóteses bastante brandas e conservadoras, projetamos uma produção menor da Rússia de 0,2 milhão de barris/dia em 2006'', diz a Barclays.

A produção da Rússia cresceu 2,9% em maio, para 9,33 milhões de barris/dia, disse a Petromarket. Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), que assessora 26 países industrializados, a extração russa deverá totalizar 9,58 milhões de barris/dia este ano, com expansão de 55% em relação aos 6,12 milhões de barris/dia de 1998.