Título: Escolha de relator é adiada de novo
Autor: Daniel Pereira e Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 15/06/2005, País, p. A5

BRASÍLIA - A falta de acordo entre a bancada governista e a oposição adiou, pela segunda vez, a escolha do presidente e do relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) dos Correios. Os dois postos-chave tendem a ser definidos hoje, em sessão marcada para as 14h30, por meio de votação secreta. A não ser que haja traições, como aconteceu na última eleição para a presidência da Câmara, a tendência é que os dois cargos fiquem nas mãos de aliados do Planalto, já que os governistas têm 19 das 32 cadeiras. Ciente de que pode ficar sem um assento no comando das investigações, a oposição partiu ontem para a retaliação, ao tentar impedir a votação de uma medida provisória editada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Reforçando discurso entoado desde a semana passada, o líder da minoria no Senado, José Jorge (PFL-PE), disse que a oposição fará jogo duro ao longo das investigações caso o senador César Borges não seja efetivado como relator ou presidente. Líder do PT no Senado e candidato do governo à presidência da CPI, Delcidio Amaral (MS) defendia o fechamento de um acordo. Se a escolha for no voto, acrescentou, não aceitará compor a chapa puro-sangue escolhida pelo Planalto, da qual faz parte o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que ficaria com o posto de relator. A insistência para que o governo apresente uma chapa puro-sangue parte, em especial, do líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB).

¿ O governo quer uma CPI de uma semana ou de seis meses? ¿ questionou ele. Ontem, a oposição protocolou no Senado um pedido de CPI Mista para investigar a denúncia de compra de votos de deputados do PP e PL em troca de apoio ao governo. Foram obtidas 205 assinaturas de deputados e 41 de senadores. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), prometeu dar ao pedido o mesmo tratamento que deu à CPI dos Correios.

¿ Vou estimular a criação da comissão ¿ disse Renan.

De acordo com o presidente do Senado, é fundamental que seja feita a separação dos bons e dos maus parlamentares. A mesma ressalva foi feita pelo líder do PPS na Câmara, Dimas Ramalho (SP).

¿ Queremos uma investigação dura, imparcial.

A iniciativa de recolhimento das assinaturas para a CPI Mista partiu do PPS, do PDT e do PV, com o apoio do PSOL e dos partidos de oposição. Até a esquerda petista assinou o requerimento, contrariando a orientação da direção partidária.